quarta-feira, 16 de setembro de 2020

IMORTALIDADE - O IMUTAVEL SONHO CAPITALISTA

IMMORTALITY por William S. Burroughs


O coronel olha para a multidão. . . besuntado, bem arrumado, ele usa a expressão satisfeita de alguém que acaba de vender a uma pobre viúva um fraudulento pomar de pêssego.


"Queridos amigos, estamos aqui para vender a única coisa que vale a pena comprar ou vender e isso é imortalidade. Agora aqui é a solução mais simples e já está a caminho. Basta substituir os componentes desgastados e manter a velha sucata na estrada por tempo indeterminado. "

Conforme técnicas de transplante são aperfeiçoadas e refinadas, o antigo sonho da imortalidade está agora ao alcance da humanidade.

Mas quem deve decidir no meio de um milhão de candidatos para o mesmo coração? Simplesmente não existem bastante partes para sair vendendo.

"É necessário, uma vez por ano, uma tonelada de trabalho para economizar 20 por cento, queridos amigos!"


Grandes executivos usam um coração por mês, somente em suas habituais rotinas. 

Os senhores da guerra, pagando seus soldados em fígados e rins e órgãos genitais.  Regiões inteiras depopuladas.  

Enormes cidades hospitalares cobrem a terra!

Os seus palácios hospitalares com ar-condicionado dos ricos, irradiam copias mal formadas para hospitais de campanha e barracas funcionando a céu aberto. Os pobres estão a aumentar em bandos de gentalha. Eles estão atacando depósitos do governo onde as preciosas partes são armazenados. 
Todo mundo que pode pagar tem cães e guardas para protegerem-se de bandos errantes de caçadores de partes, como os temíveis Médicos Selvagem, que operam uns aos outros depois da batalha, cortando as trêmulas mornas partes dos mortos e moribundos. 

Os homens Cata-&-Corta se arremessam de entradas no meio de um grupo e cortam fora um rim com alguns especializados movimentos de seus bisturis de quatro polegadas.

As pessoas perderam toda a vergonha.


Aqui temos um homem que vendeu último rim de sua filha para comprar uma virilha novinha - ele aparece na televisão para pedir doações para comprar para a pequenina, Sally, um rim artificial e dar lhe o seu último Natal. 
Nos seu braço está uma loira curvilínea conhecida, aparentemente, como Bubbles. Ela o chama de Long John.  Verdadeiramente, isso não é lindinho? 



Um mercado negro florescente em partes cresce nas evisceradas cidades devastadas pelos tumultos por partes.  Em terríveis favelas, cenas de Brueghel e Bosch são reencenadas: massas disformes com podres tecidos cicatrizados cheios de vermes, apoiados em muletas e bengalas, ou em cadeiras de rodas carrinhos de mão.


Cirurgiões, brutos-como-açougueiros, operaram sem anestesia em tendas ao ar livre rodeados por suas sangrentas facas  e serras.   

Os pobres esperam por partes em filas com seus genitais enfermos, um pulmão com câncer, um fígado cirrótico.

Eles rastejam em direção as cabines de operação segurando a sua frente as coisas sem nome em garrafas que eles acham que são partes utilizáveis. Vigaristas sem vergonha que tomam controle da operação e predam em centenas de desavisados.


E aqui está o Sr. Rich Parts.
Ele tem 300 anos de idade. Ele ainda está sujeito à morte acidental, e só de pensar nisso ele é lançado em paroxismos de terror idiota.

Por dias, ele se esconde em seu reforçado abrigo subterrâneo, a 100 metros de profundidade, contruido em rocha sólida, com alimentos para 50 anos.
Uma viagem de uma cidade para outra requer meses de triagem e verificação planos computadorizados  e rotas alternativas para evitar a possibilidade de um acidente.
Sua covardia idiota não conhece limites.
E lá, ele se senta, olhando como um vaso de Chimu com uma espessa camada roxa suave de tecido cicatricial. Encerrada nele como se ele esivesse numa armadura. 
Seus movimentos são lentos e hidráulicos. Ele leva 10 minutos para se sentar. Esta camada pelicular fica mais grossa e mais grossa até chegar no osso. Os médicos têm que operar com ferramentas eléctricas. Então aqui nós deixamos Sr. Rich Parts e as suas pitorescas partes de pessoas, um monumento, uma montanha de tecido cicatricial.

Como L. Ron Hubbard, fundador da Cientologia, disse:
"direito mais direito de um homem poderia ser, deveria ser, viver infinitamente pro lixo.
Eu escrevi "pro lixo" por "prolixo" e  o deslize é significativo para os meios pelos quais a imortalidade é conseguida na ficção científica, que em breve será um fato científico. Eles são realmente infinitamente podre, o mais errado de errado que um homem pode ser, vampírico ou pior.
Técnicas de transplante melhorando, abre a questão de saber se o próprio ego poderia ser transplantado de um corpo para outro, e a outra questão é saber exatamente onde esta entidade reside. Aqui é o Sr. Hart, um trilionário dedicado à sua imortalidade pessoal.

Onde está essa coisa chamada Mr. Hart?
Precisamente onde, no sistema nervoso humano, é este baba ovo da temerosa morte, cancerígeno... 
Onde esta coisa temente da morte reside?

A ciência apresenta apenas uma tentativa de resposta: o "eu" parece estar localizado no mesencéfalo no topo da cabeça. 
Ele pensa, "Entãonão poderíamos simplesmente arrancá-lo fora de um jovem saudável, joga-lo no lixo (de onde ele nunca deveria ter saido), e colocar como sucedâneo, mimmmmm?”

Assim, ele
 começa a procurar um neurocirurgião, um omeleteiro, e ele quer o melhor de todos. 
Quando se trata de um trabalho rápido e  rasteiro, o velho  Doc Zeit está no topo da lista. Ele pode fazer transplantes no meio da rua.
Mr. Hart encarna o espírito competidor, aquisitivo, com a mentalidade de sucesso  que formulou capitalismo americano. 
A extensão lógica desse grotesco espírito é criminal. 
"
O sucesso é a sua própria justificaçãoAquele que for bem-sucedido merece ser bem sucedidoele está certo".
A operação é um sucesso.  Os medicos  discretamente se afastam. Quando o homem acordar em um novo corpo bonito, ele pode - enlouquecer. Não vale a pena ser uma testemunha. 
Mr. Hart levanta e se estica luxuosamente em seu novo corpo.

Ele passa as mãos sobre o jovem massa muscular onde sua barriga costumava ser. Tudo o que resta do doador, uma meleca de matéria cinzenta, está em um pratoMr. Hart coloca as mãos nos quadris e se inclina sobre o meleca"E quão errado você pode estar?"  MORTOE ele cospe nele e ele cospe feio.
As convulsões finais de um universo baseado em fatores quantitativos, como o dinheiro, bagulho e no tempo, parece estar próximoO tempo se aproxima quando nenhuma quantidade de dinheiro vai comprar nada e o próprio tempo vai acabar.
Esta é uma parábola de vampirismo enlouquecida. 

Mas todos os projetos vampíricos para a imortalidade estão errados, não só do ponto de vista ético. Eles são em última análise, impraticável.
No "Vapiros do espaço", de Colin Wilson, fala de vampiros  benignos.  Tire um pouco, deixe um pouco. Mas eles sempre tiravam mais, do que eles deixavam pela natureza básica do processo vampírico do consumo imperceptível, mas inexorável.
O vampiro
 converte qualidade do sangue vivo, vitalidade, juventude, talento em quantidade de alimento e tempo para si mesmo. Ele comete mais básica traição do espírito, reduzindo todos os sonhos humanos em merda. E esse é o errado mais errada que um homem pode ser.

Um passo em direção à imortalidade racional é quebrar o conceito de um separado eu pessoal e, portanto, inexoravelmente mortal, ego.
Isso abre muitas portas.
O seu espírito poderia residir em um série de corpos, e não como alguns parasita hediondo drenando o hospedeiro, mas como um útil visitante.
"Roger the Lodger . . . Não ocupa muito espaço... Mostra um ou dois truques. . . Nunca ultrapa o tempo de boas-vindas."

Tire cinqüenta fotos da mesma pessoa por uma hora. Alguns delas ficarão tão diferentes do sujeito, a ponto dele ser irreconhecível. E algumas delas vão parecer com outra pessoa.

"Olha, ele parece exatamente como Khrushchev com um dente de ouro pulando para fora".
A ilusão de uma identidade separada, inviolável limita suas percepções e limita a você no momento. Você vive em outras pessoas e outras pessoas vivem em você "visitando", podemos chamá-lo -e é claro que é sempre muito mais fácil com Clone de alguém.
Quando eu ouvi pela primeira vez sobre a clonagem, eu pensei: Po, que conceito frutífero. P
or quê alguém poderia estar em uma centena de lugares diferentes ao mesmo tempo e experimentar tudo o que os outros clones fazem. Estou espantado com o clamor contra essa coisa boa não só pelos homens do clero, mas também de cientistas, os próprios cientistas cujas pacientes pesquisas trouxeram clonagem ao nosso alcance.


O próprio pensamento de um clone perturba estes senhores. 
Como o gado à beira do extouro, eles batem o casco no chão mugindo apreensivamente. "Abnegação é um fato essencial da vida. O pensamento de um humano não altruísta é aterrorizante. 

"Aterrorizante para quem?"


Fale por si mesmo, você, velho tímido bestial, encolhido eternamente em seu banheiro. Muitos Cientistas  parecem ser ignorantes dos conceitos espirituais mais rudimentares.

Eles tendem a ser suspeitosos, eriçados, o tipo de pessoa paranóica com egos enormes que eles carregam como uma vítima elefantíase com seus testículos dilatados em um carrinho de mão, aterrorizados, sem dúvida, que algum esgueiro estudante ingrato-de-um-clone vai entrar sorrateiramente em seu próprio cérebro e roubar o seu trabalho de gênio. 

Ah, a injustiça disso traz lágrimas aos seus olhos quando ele espia ansiosamente através de seus óculos bifocais.

A clonagem não é a forma frenética do 
ego. Pelo contrário, a clonagem é o fim de 
o ego

Pela primeira vez, o espírito do homem será capaz de separar-se da máquina humana, para vê-lo e usá-lo como uma máquina. Ele já não é identificado com a máquina especial "mim". O organismo humano tornou-se um artefato que ele pode usar como um avião, um barco, ou uma cápsula espacial.
poeta John Giorno se perguntava se talvez um clone de um clone de um clone poderia ser apenas a eliminação progressiva de ruído até branco, como cópias de cópias xerox. Como Conde Korzybski costumava dizer: "Eu não sei, vamos ver."
Mas finalmente, eu postulo: a verdadeira imortalidade só pode ser encontrada no espaço.
A exploração espacial é a única meta vale a pena lutar.
Depois das colinas e bem mais longe. Você vai reconhecer os seus inimigos como aqueles que tentam bloquear seu caminho.
Monopolistas vampíricos iriam mantê-lo dentro do cronograma como seus rebanhos.
"É uma coisa boa que vacas não voam", dizem, com uma risada má.
O mal, o inteligente deus escravo.


O ingênuo, o confuso e o estúpido representam uma ameaça igual devido ao obstrutivo potencial de seus vastos números. Eu fiz um deslize interessante
na minha página de recados. Um recorte de um notícia do jornal "Boulder Camera".  A imagem de uma velha, uma caveira com dentes postiços sorrindo.  Ela está falando pela União das Mulheres da Temperança Cristã
"Nós nos opomos ao ABUSO INFANTIL, INTEMPERANÇA, e IMORTALIDADE.

O caminho para a imortalidade está no espaço, e o cristianismo está enterrado sob montes de escória de dogma morto, orações chorosas; e orações vazias que devem se opor a imortalidade no espaço como a falsificação sempre teme e odeia a coisa real. 
Islamismo ressurgente. . . cristãos renascidos. . . credos desgastados. . . excesso de bobagem. . . mit 'raus "! 

Imortalidade é futuro prolongado , e o futuro de qualquer artefato encontra-se na direção do aumento da capacidade de flexibilidade para a mudança e, finalmente mutação. 
Imortalidade pode ser vista como um subproduto da função: "brilhar em uso."
A mutação envolve mudanças que são literalmente inimaginável a partir da perspectiva dos futuros mutantes. 


As criaturas de sangue frio, criaturas não sonhantes, que viviam no comparativamente sem peso, no meio aquático, não podiam conceber ar para respirar, ou sonhar, ou experimentar a força da gravidade como um fato básico da vida. Haverá novos medos, como o medo de cair, novos prazeres, e novas necessidades. Há vantagens distintas para se viver em um favorável meio como a água. A mutação não é uma questão de escolhas lógicas. Os mutantes humanos devem dar um passo para o desconhecido, um passo que nenhum ser humano deu antes.  "Nós fomos os primeiros de todos que saltaram para aquele mar silêncioso."

quinta-feira, 10 de setembro de 2020

Boulos no Super Batepapo - Live

 

O programa SBP recebeu o pré-candidato a prefeitura de São Paulo pelo Psol - Guilherme Boulos - para um Super Batepapo sobre a situação atual e a jornada para mudá-la para melhor.
Veja na nossa pagina.

quarta-feira, 9 de setembro de 2020

Empreendedor Ou Emperdedor? Eis a Questão!



SAIBA A DIFERENÇA ENTRE EMPREENDEDOR E EMPERDEDOR ACREDITE!

É MUITO IMPORTANTE PARA VOCÊ SOBREVIVER NA CRISE!

Atualmente, aquele pessoal de sempre, aquele bando de pilantras contratado pelo tal mercado para transformar uma boa análise econômica em propaganda do interesse de especuladores, têm se esmerado em convencer os brasileiros de que a economia vem ganhando uma dinâmica virtuosa do ponto de vista Capitalista.

É gente que escreve em jornais de grande circulação, aparece na tv, fala nas rádios e sempre diz a mesma coisa que o outro pilantra está dizendo. É assim que essa quadrilha vai construindo um discurso uníssono de sucesso, quando a realidade é bem diferente, depauperada. Esse grupo de marginais também se presta em fazer o contrário; mostrando como é ruim para um país quando acumula bilhões em reservas, paga a sua dívida externa, mais que triplica seu mercado consumidor e mantém um nível de pleno emprego.


Caso a economia esteja indo para o buraco maquiam a análise usando um tal de "soft landing", quando está num buraco muito profundo, comemoram o fato de que neste ano caiu menos do que nos cinco anteriores e assim vai... Claro, tudo ao gosto dos patrões! O cardápio varia de acordo com a necessidade, e o dólar em R$ 1,65 é muito baixo atrapalhando as exportações ou o ideal para vitalizar o mercado interno. Já o mesmo dólar em R$ 4,65 é uma maravilha para as exportações ou só de imaginá-lo ultrapassando a R$ 2,65 é um desastre completo.


Eu poderia passar anos exemplificando as peripécias destas gargantas do mercado, mas vou atacar logo a proposta desse artigo, que é o esforço para transformar o fruto de uma economia combalida em resultado de sucesso das políticas públicas neoliberais.

Ora pois que, hoje, neste exato momento, você vai dar um “Google” e logo assomara a sua tela alguém deles transformando catador de lixo, vendedor de bugiganga, motoboy e mesmo engenheiro – marido de aluguel ou professor uberizado, em empreendedor. Tudo bem-vindo nesse bom tempo devido à boa “flexibilização” das relações do trabalho e outras medidas de “austeridade” que, graças ao bom deux, os últimos dois governos têm tomado para levar a cabo a “recuperação” segura da economia, um smooth takeoff, como diriam...
Bem, acontece que essa falência na vida de 11 milhões de desempregados, 5 milhões de desalentados e de mais de 12 milhões de trabalhadores sem direitos, jamais levara alguém ao empreendedorismo. Seria como dizer que o incêndio é o primeiro passo para a construção de sua nova casa.

É isso? A inundação acontecendo e o sujeito contabilizando alegremente a cada aparelho doméstico que afunda, como uma nova geladeira ou fogão ou televisão que fará parte do mobiliário de seu novo lar?

Não! A verdade é que o fulano está metido dentro da água, até o pescoço, tentando salvar pelo menos o liquidificador!

TA AÍ UM EMPREENDEDOR! Diriam eles... - UM EMPREENDEDOR PORRETA! POIS, SE NÃO MORRER AFOGADO OU INFECTADO POR ALGUMA BACTÉRIA, SAÍRA DESTA CATÁSTROFE COM O SEU LIQUIDIFICADOR!


Assim é que estes Pilantras têm comemorado a epidemia do tal espírito do empreendedorismo que tem se espalhado pelo país nos últimos anos.

Acontece que Empreendedorismo nada tem a ver com o desesperado do leão da montanha procurando uma saída pela direita. Muito pelo contrário!

Basta compreender o significado da própria palavra... Dá um Google aí e você vai encontrar a seguinte definição para o verbo Empreender: Decidir realizar (tarefa difícil e trabalhosa).

O mais importante é que o axioma traz a palavra “decidir”, ou seja, não se trata de fazer a tarefa, no caso do empreendedorismo a essência está em: decidir fazer. O que nos leva a entender melhor o que significa - tomar uma decisão. O mesmo método de busca nos diz que. “na administração, a tomada de decisão é o processo cognitivo pelo qual se escolhe um plano de ação dentre vários outros (baseados em variados cenários, ambientes, análises e fatores) para uma situação-problema.” 

Mais especificamente, temos que ter consciente o fato de que, para empreender, o sujeito tem que ter autonomia e alternativas para fazer a sua escolha. Eu empreendi na minha vida. Em determinada altura do campeonato, enchi o saco do mundo corporativo, e decidi abrir a minha própria empresa. Eu poderia ter continuado na carreira e atingido postos mais elevados na alta administração, se estivesse disposto a jogar o jogo, mas não estava...


Então, não é empreendedor aquele que perdeu o seu emprego e hoje, velho demais para o mercado e ainda cheio de vigor e experiência, aventura suas economias na roleta russa de uma economia capenga. Nem o filho, que deixa de estudar e compra uma moto para fazer um dinheiro para ajudar em casa, ou uma mãe que faz coxinhas ou penteia cabelos porque a grana está curta em seu lar. Esse pessoal, de modo geral, está salvando o liquidificador.

Mais ainda pior é que a maioria vai se afogar ou morrer doente com a peste bubônica.

As bocas do mercado não fazem matérias que apresentam o cara do UBER, cujo veículo foi roubado e não tinha seguro, o motoqueiro aleijado, sofrendo, sem qualquer cobertura médica, a lojinha praticamente dando o estoque antes de fechar ou a família comendo a tonelada de bolinhos que não vendeu... Isto não interessa! Mas, infelizmente, essa é sim a realidade de milhares que se encobre sob o manto da conquista do pipoqueiro que virou dono do cinema. Um épico apresentado e reprisado em todos os telejornais e comentado em todas as rádios e analisado a exaustão em artigos de jornais na internet.

Então, a verdade é que estamos vivendo num país de emperdedores. Embora se consultar o termo em espanhol as goelas do mercado dirão: “El emperdedor es el que se conforma; el desempleado quejoso, pero que no mejora su entorno; que no toma riesgos o los toma cuando otros lo hicieron antes”. Ou seja, a pilantragem define o emperdedor, em bom castelhano, como sendo, no fundo, aquele que não vai atrás da ladainha deles e faz exatamente o que os empreendores, que mandam no mercado, fazem: Puxa o freio de mão e não bota a mão em cumbuca, quando sabe que vai perder.
Não tenho dúvida que também aqui e no mundo todo, o Emperdedor se apresenta com a mesma definição da língua falada nas boas terras de Castela. Afinal, quando se trata de conformar a realidade, devemos usar esses entendimentos assim... Como um fenômeno que, na semântica diacrônica destes “intelectuais”, tem tal significado mercadológico e, portanto, religiosamente universal. Contudo, eu estou propondo o termo em português. Ademais, uso o vocábulo construído a partir da realidade cotidiana. Até porque o prefixo “Em”, ensina o Google, nos remete a “introdução”, um movimento para dentro. O que conota a palavra com o sentido de “afundar-se ainda mais na lama”.


Então, esta expressão – Emperdedor – com o sentido de: aquele que se atira mais para dentro da perda, é a nomenclatura que melhor representa a situação dos ditos “empreendedores” no Brasil.

Segundo a Global Entrepreneurship Monitor – GEM, o Brasil é reconhecido como um país de empreendedores. A taxa gira em torno de 35%, visto que, em média, 1 a cada 3 brasileiros, entre 18 e 64 anos, tem ou está montando um negócio. As micro e pequenas empresas (MPEs) correspondem a 93% do total de empresas ativas no país (EMPRESÔMETRO, 2016).

Claro, a GEM não questiona a razão de o sujeito ter se atirado dentro da água...
– O SUJEITO TÁ NA ÁGUA?
–  SIM! 
– ENTÃO, É NADADOR! TALKEY?

Eles contam até defuntos, boiando, ou aqueles que estão em processo avançado de afogamento, dando o último suspiro. 

O que vale mesmo é estar dentro da água, ainda que nela tenha sido jogado à força. Nada de ter no critério aquela baboseira de “escolher um plano de ação dentre vários outros...” 
Lembra? Isso é coisa de dicionário.
Por outro lado, o IBGE revela que 80% das micro e pequenas empresas desaparecem antes de completarem 01 ano e daqueles que sobrevivem em torno de 60% fecham com menos de 5 anos. Sendo assim, não é difícil imaginar o que de fato acontece com o sujeito que mete suas economias no empreendedorismo tupiniquim.

Bem... Acredito que agora, sabendo a diferença entre empreender e emperder, você não se deixe levar facilmente pelo desespero, acreditando que não tenha uma alternativa melhor do que se atirar na água durante a inundação. Talvez, seja mais prudente esperar com calma sobre o telhado, já que sua vida e até as suas economias valem bem mais que o liquidificador da black Friday.

domingo, 6 de setembro de 2020

Negra escravidão, branca poesia.


Edição de 14 de maio de 1888 \/ O CachoeiranoAcervo Fundação Biblioteca Nacional - Brasil
Amanda Rossi e Juliana Gragnani


O domingo de 13 de maio de 1888 amanheceu ensolarado no Rio de Janeiro, a capital do Império do Brasil. Era um dia de festa. A escravidão chegava ao fim por meio de uma lei votada no Senado e assinada pela princesa Isabel.

O Brasil era o último país da América a acabar com a escravidão. Ao longo de mais de três séculos, foi o maior destino de tráfico de africanos no mundo, quase cinco milhões de pessoas. Grande parte dos descendentes daqueles que chegaram também fora escravizada.

Na imagem é possível ver a princesa Isabel. À sua esquerda, um pouco abaixo, estaria Machado de Assis.


“Todos saímos à rua. Todos respiravam felicidade, tudo era delírio. Verdadeiramente, foi o único dia de delírio público que me lembra ter visto”, recordou cinco anos depois o escritor Machado de Assis, que participou das comemorações do fim da escravidão, no Rio.

Outro escritor afro-descendente, Lima Barreto, completava 7 anos naquele 13 de maio e celebrou o aniversário no meio da multidão. Décadas depois, se lembraria: “Jamais na minha vida vi tanta alegria. Era geral, era total. E os dias que se seguiram, dias de folganças e satisfação, deram-me uma visão da vida inteiramente (de) festa e harmonia”.

A lei assinada pela princesa - e apelidada de Lei Áurea - vinha tarde. Todos os países da América já tinham abolido a escravidão. O primeiro, foi o Haiti, 95 anos antes, em 1793. A maioria demorou para seguir o pioneiro, e fez suas abolições entre os anos 1830 e 1860. Os Estados Unidos, em 1865. Cuba, a penúltima a abolir a escravidão, o fez dois anos antes do Brasil.

Em nenhum outro país, contudo, a escravidão teve a dimensão brasileira. Enquanto 389 mil africanos desembarcaram nos Estados Unidos, no Brasil foram 4,9 milhões - 45% de toda a população que deixou a África como escrava. No caminho, cerca de 670 mil morreram. O gigantismo da escravidão no Brasil dificultou o seu fim - ela estava impregnada na vida nacional.


Isso não significa, no entanto, que o 13 de maio não deva ser lembrado, diz Oliveira: “A abolição foi fruto de uma pressão social. A gente precisa recontar essa história, dos heróis e heroínas que lutaram pelo fim da escravidão”. Sem esquecer que, 130 anos depois da abolição, a desigualdade persiste.

“Durante esses 130 anos somos maioria no país - 54% da população é afro-brasileira. Mas não somos 54% no Congresso Nacional, nos ministérios, nos tribunais, nas universidades, nas grandes empresas privadas. Isso precisa mudar”, completa Oliveira.

E se os abolicionistas vissem o Brasil hoje, 130 anos depois? “Acho que eles entrariam em campanha, fariam um movimento de novo. Inclusive com as mesmas bandeiras que eles tinham (de promoção de oportunidades para os negros), que não foram implementadas”, opina Alonso.




Castro Alves, nascido na cidade de Muritiba, na Bahia, em 14 de março de 1847, um dos artistas viram na arte uma forma de expressar a revolta pelos problemas sociais pelos quais o país passava. Por isso, os atos de tortura da escravidão estavam sempre na sua escrita.  No Rio de Janeiro, Castro Alves se formou no curso de Direito e conheceu Machado de Assis, que o ajudou a crescer nos mundo literário. Ainda na cidade, ele precisou amputar o pé esquerdo após ser baleado com um tiro de espingarda. 


Patrono da cadeira nº 7 da Academia Brasileira de Letras, Castro Alves morreu em Salvador, em 6 de julho de 1871, aos 24 anos, ao ser diagnosticado com tuberculose.


O programa Super Bate-Papo debate a questão da escravidão levando em conta que a data de Maio é relevante para a historia do negro no Brasil, bem como para o movimento que oficializa a Abolição, porém mantendo a perspectiva de que é uma narrativa de faceta institucional e branca. Castro Alves, o Poeta dos escravos, está inserido nessa narrativa o que não o desmerece como grande Poeta e pioneiro no movimento abolicionista. Portanto, o Super bate papo se faz na ordem de homenagem critica.

terça-feira, 1 de setembro de 2020

Analisando as ultimas notícias sobre o coronavírus (Primeira quinzena de setembro)



Por: Professor e Biólogo Ricardo Santoro


 Desde a descoberta do vírus que causa o COVID-19, o ciclo diário de notícias tem sido inundado com atualizações sobre como o patógeno se espalha, o que o bichinho faz ao corpo e quais soluções podem finalmente pôr fim à pandemia.

Mas manter-se atualizado com as últimas notícias sobre o coronavírus pode ser um desafio. Para ajudar a mantê-lo informado, nós do Super Bate-Papo, com a orientação indispensável e essencial do professor Santoro compilamos uma pequena lista de notícias de destaque mundial da semana - essas são as que realmente chamaram nossa atenção.

Reinfecções confirmadas


Os pesquisadores relataram o primeiro caso confirmado de reinfecção de COVID-19 em um homem em Hong Kong. A notícia saiu inicialmente em 24 de agosto em um comunicado à imprensa da Universidade de Hong Kong, e o estudo formal foi publicado em 25 de agosto na revista Clinical Infectious Diseases. Mas não entre em pânico - um especialista chamou o caso de "um exemplo clássico de como a imunidade deve funcionar".


O paciente de 33 anos foi diagnosticado pela primeira vez com COVID-19 em 26 de março e apresentava sintomas leves na época, incluindo tosse e febre. O homem recebeu alta do hospital no dia 14 de abril, depois de testar negativo para o vírus duas vezes, mas ele testou positivo novamente durante uma triagem no aeroporto em 15 de agosto. O vírus que infectou o homem pela segunda vez carregava várias diferenças genéticas com o primeiro , sugerindo que o homem havia sido infectado por uma nova variante do vírus que sofreu uma mutação sutil ao longo do tempo, como acontece com todos os vírus. Mas o homem não mostrou sintomas de doença na segunda vez, sugerindo que seu corpo retinha alguma imunidade contra o patógeno.


"Embora este seja um bom exemplo de como a infecção primária pode prevenir a infecção subsequente de doenças, mais estudos são necessários para compreender a gama de resultados da reinfecção", Akiko Iwasaki, professora de imunobiologia e biologia molecular, celular e do desenvolvimento na Yale School of Medicine, escreveu no Twitter.


Desde que essa notícia foi divulgada, mais dois casos de reinfecção foram confirmados na Europa e um nos EUA, informou o New York Times. Como no caso de Hong Kong, os dois casos europeus mostraram sintomas mais leves ou nenhum sintoma durante a segunda infecção; no entanto, o paciente americano desenvolveu sintomas graves e os cientistas estão investigando várias teorias sobre o porquê. Ainda não sabemos com que frequência ocorre a reinfecção, com que frequência as pessoas desenvolvem sintomas graves na segunda vez ou o que essas tendências significam para o desenvolvimento de vacinas - essas informações só virão de pesquisas futuras.

Até o momento, o Brasil não possui casos confirmados de reinfecção por Covid-19. Todos os casos suspeitos de reinfecção pela doença foram investigados e descartados pelas equipes de vigilância epidemiológica dos estados e municípios.
Até 26 de agosto, o Ministério da Saúde distribuiu 14,2 milhões de testes para diagnósticos da Covid-19, sendo 6,2 milhões de RT-PCR (biologia molecular) e 8 milhões de testes rápidos (sorologia). A média diária de exames realizados passou de 1.148 em março para 22.943 em agosto. 
Até o dia 22 de agosto, foram realizados 4.797.948 milhões de exames de RT-PCR para Covid-19, sendo que 2.652.551 na rede nacional de laboratórios de saúde pública e 2.145.397 nos principais laboratórios privados do país. Sobre os testes sorológicos, segundo dados do sistema e-SUS Notifica, foram realizados no país um total de 6.637.134 exames.

CDC muda suas diretrizes de teste



Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC) mudaram abruptamente sua orientação de teste COVID-19, afirmando que aqueles que entraram em contato com uma pessoa infectada não necessariamente precisam de um teste se não estiverem em um alto risco grupo ou apresentando sintomas da doença.

Antes da mudança, o CDC recomendou que todos os contatos próximos de pessoas com teste positivo para COVID-19 também fossem testados, visto que sabemos que o vírus pode se espalhar antes que as pessoas apresentem sintomas, e que o teste de contatos próximos ajuda a manter os surtos sob controle. O secretário adjunto de Saúde do Departamento de Saúde e Serviços Humanos (HHS) dos Estados Unidos, Dr. Brett Giroir, disse à CNN que as novas diretrizes têm como objetivo encorajar os testes a serem usados ​​"apropriadamente" e não reduzir o número de testes dados em geral. Mas as autoridades de saúde pública dizem que a orientação conflita diretamente com as evidências científicas.

"Essas recomendações de teste não fazem sentido científico, a menos que haja planos para exigir o isolamento de todos os contatos conhecidos do COVID-19", disse Krys Johnson, professor assistente de instrução no Departamento de Epidemiologia e Bioestatística da Temple University na Pensilvânia. Especialmente com a reabertura de escolas e universidades, os EUA deveriam testar mais pessoas assintomáticas para o vírus, e não menos, disse ela.

Em resposta ao clamor de funcionários de saúde pública, o Diretor do CDC, Dr. Robert Redfield, esclareceu a nova orientação em 27 de agosto, dizendo que "o teste pode ser considerado para todos os contatos próximos de pacientes COVID-19 confirmados ou prováveis", mas deve ser priorizado para os sintomáticos pessoas, pessoas com fatores de risco para infecção grave e pessoas com alto risco de exposição. No entanto, no momento desta declaração verbal, a orientação oficial no site do CDC permanecia inalterada.

Autorização para plasma



Na semana passada, destacamos a notícia de que a Food and Drug Administration (FDA) dos EUA não autorizaria o uso de plasma sanguíneo para tratar pacientes com COVID-19 sem mais dados de ensaios clínicos. 

Esta semana, o FDA emitiu uma autorização de uso de emergência para o tratamento sem quaisquer dados adicionais em mãos.  A autorização de uso de emergência permite que os médicos administrem um tratamento médico não aprovado "quando não há alternativas adequadas, aprovadas e disponíveis" e os pacientes não precisam ser inscritos em um ensaio clínico para receber a terapia, de acordo com o site da FDA. Mas especialistas em doenças infecciosas e ridades de saúde pública argumentam que a terapia de plasma convalescente - que usa plasma rico em anticorpos de pessoas que se recuperaram de uma doença - não ganhou este selo de aprovação.

Para demonstrar que o plasma ajuda os pacientes com COVID-19 a se recuperar, os cientistas devem conduzir ensaios clínicos randomizados (ECRs), nos quais os participantes recebem plasma ou o tratamento padrão aleatoriamente; os resultados podem então ser comparados entre os dois grupos sem viés. Os ECRs de plasma têm se mostrado difíceis de organizar, visto que o suprimento de plasma elegível e o número de pessoas doentes com COVID-19 variam de região para região.

Com muitos ECRs para plasma ainda em andamento, a autorização do tratamento pode tornar o recrutamento de pacientes para esses ensaios ainda mais difícil. Embora os pacientes em um ECR recebam aleatoriamente plasma ou o tratamento padrão, os pacientes tratados sob a autorização de emergência não estariam sujeitos a essa randomização; a garantia de plasma fora de um ECR poderia tornar a participação nos testes uma venda difícil.

Se os ECRs forem prejudicados, será mais difícil coletar evidências sólidas de que a terapia com plasma funciona.

Ricardo Santoro, Biólogo e pesquisador envolvido com questões epidemiológicas foi entrevistado pelo programa SBP na rádio Cantareira sobre o assunto e deu respostas adicionais e dicas de como combater o vírus em áreas pobres do Brasil. 
Clique no link abaixo para ouvir sua entrevista.

Em Nome da Humanidade - Flores nos fuzis


 Algumas pessoas dizem e dirão, vamos nos unir e curar. 

Unir em torno do que exatamente? Fascismo?? Isso é, na melhor das hipóteses, um sonho impossível e, na realidade, um pesadelo para bilhões de pessoas em todo o planeta.  Pode haver e não deve haver unidade com fascistas e um programa de violência e destruição global (já em andamento há vários séculos).


Uma referência histórica: as pessoas que dizem isso, na verdade estão dizendo "sejam bons alemães" não protestam nem resistem aos campos de extermínio e massacres de judeus e outros. 


Seu grito: "Uber Germany - Uber Alles" - "Deus, pátria e maternidade".

No nosso caso são os não-brancos, negros, muçulmanos, bolivianos, índios, pessoas GAY, LÉSBICA, BISSEXUAL, TRANSGÊNERO e o ser humano QUESTIONANDO, os tais da GLTQ, e as mulheres e os direitos de escolha e o meio ambiente que serão os alvos deste "Fascita mascarado de Bolzominion" ... e por que alguém iria querer "unir-se" com isso?? Este resto de pecado do lixo da merda podre do esgoto do inferno.


 Em nome da humanidade, não vou unir, colaborar, conciliar, nem capitular a um Brazil e um mundo fascista. Você não pode tentar "esperar as coisas passarem" com os fascistas. 


Aqueles que viveram a porra da Alemanha e ficaram à margem, olhando como os idiotas cercaram um grupo após o outro, tornaram-se vergonhosos colaboradores em crimes monstruosos contra a humanidade. Bolsonaro e seus milicianos devem ser resistidos e desafiados, a partir de agora, de muitas maneiras diferentes e em todos os cantos da sociedade.


A reconciliação e a colaboração seriam nada menos do que criminosas e mortais. Literalmente. Juntem-se ... resistam ... e façam o mundo todo saber que não vamos permitir que isso continue!

Flores nos Fuzis 

Um poema aborda a luta que se trava atualmente contra as mais nefastas praticas próprias da doutrina fascista que alastra pelo mundo. A proposta é que a resistência mais do que vitórias em batalhas é o que deve mover o intimo revolucionário de quem esta nessa trincheira.

SBP em pauta

DESTAQUE

Analisando a complexa relação entre politica, propaganda e cultura popular na sociedade do Capitão

Numa sociedade onde quase todos têm acesso à internet e a produtos de entretenimento como filmes, livros, videogames e quadrinhos, era inevi...

Vale a pena aproveitar esse Super Batepapo

Super Bate Papo ao Vivo

Streams Anteriores

SEMPRE NA RODA DO SBP

Arquivo do blog