domingo, 6 de setembro de 2020

Negra escravidão, branca poesia.


Edição de 14 de maio de 1888 \/ O CachoeiranoAcervo Fundação Biblioteca Nacional - Brasil
Amanda Rossi e Juliana Gragnani


O domingo de 13 de maio de 1888 amanheceu ensolarado no Rio de Janeiro, a capital do Império do Brasil. Era um dia de festa. A escravidão chegava ao fim por meio de uma lei votada no Senado e assinada pela princesa Isabel.

O Brasil era o último país da América a acabar com a escravidão. Ao longo de mais de três séculos, foi o maior destino de tráfico de africanos no mundo, quase cinco milhões de pessoas. Grande parte dos descendentes daqueles que chegaram também fora escravizada.

Na imagem é possível ver a princesa Isabel. À sua esquerda, um pouco abaixo, estaria Machado de Assis.


“Todos saímos à rua. Todos respiravam felicidade, tudo era delírio. Verdadeiramente, foi o único dia de delírio público que me lembra ter visto”, recordou cinco anos depois o escritor Machado de Assis, que participou das comemorações do fim da escravidão, no Rio.

Outro escritor afro-descendente, Lima Barreto, completava 7 anos naquele 13 de maio e celebrou o aniversário no meio da multidão. Décadas depois, se lembraria: “Jamais na minha vida vi tanta alegria. Era geral, era total. E os dias que se seguiram, dias de folganças e satisfação, deram-me uma visão da vida inteiramente (de) festa e harmonia”.

A lei assinada pela princesa - e apelidada de Lei Áurea - vinha tarde. Todos os países da América já tinham abolido a escravidão. O primeiro, foi o Haiti, 95 anos antes, em 1793. A maioria demorou para seguir o pioneiro, e fez suas abolições entre os anos 1830 e 1860. Os Estados Unidos, em 1865. Cuba, a penúltima a abolir a escravidão, o fez dois anos antes do Brasil.

Em nenhum outro país, contudo, a escravidão teve a dimensão brasileira. Enquanto 389 mil africanos desembarcaram nos Estados Unidos, no Brasil foram 4,9 milhões - 45% de toda a população que deixou a África como escrava. No caminho, cerca de 670 mil morreram. O gigantismo da escravidão no Brasil dificultou o seu fim - ela estava impregnada na vida nacional.


Isso não significa, no entanto, que o 13 de maio não deva ser lembrado, diz Oliveira: “A abolição foi fruto de uma pressão social. A gente precisa recontar essa história, dos heróis e heroínas que lutaram pelo fim da escravidão”. Sem esquecer que, 130 anos depois da abolição, a desigualdade persiste.

“Durante esses 130 anos somos maioria no país - 54% da população é afro-brasileira. Mas não somos 54% no Congresso Nacional, nos ministérios, nos tribunais, nas universidades, nas grandes empresas privadas. Isso precisa mudar”, completa Oliveira.

E se os abolicionistas vissem o Brasil hoje, 130 anos depois? “Acho que eles entrariam em campanha, fariam um movimento de novo. Inclusive com as mesmas bandeiras que eles tinham (de promoção de oportunidades para os negros), que não foram implementadas”, opina Alonso.




Castro Alves, nascido na cidade de Muritiba, na Bahia, em 14 de março de 1847, um dos artistas viram na arte uma forma de expressar a revolta pelos problemas sociais pelos quais o país passava. Por isso, os atos de tortura da escravidão estavam sempre na sua escrita.  No Rio de Janeiro, Castro Alves se formou no curso de Direito e conheceu Machado de Assis, que o ajudou a crescer nos mundo literário. Ainda na cidade, ele precisou amputar o pé esquerdo após ser baleado com um tiro de espingarda. 


Patrono da cadeira nº 7 da Academia Brasileira de Letras, Castro Alves morreu em Salvador, em 6 de julho de 1871, aos 24 anos, ao ser diagnosticado com tuberculose.


O programa Super Bate-Papo debate a questão da escravidão levando em conta que a data de Maio é relevante para a historia do negro no Brasil, bem como para o movimento que oficializa a Abolição, porém mantendo a perspectiva de que é uma narrativa de faceta institucional e branca. Castro Alves, o Poeta dos escravos, está inserido nessa narrativa o que não o desmerece como grande Poeta e pioneiro no movimento abolicionista. Portanto, o Super bate papo se faz na ordem de homenagem critica.

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