A Ucrânia tem estado sob pressão para compensar as perdas sofridas na “contraofensiva” de quatro meses na frente sul, que a Rússia estimou em mais de 90 mil homens.
“Quanto à questão da mobilização, vocês sabem como ela é complexa e complicada, e muito relevante”, disse o presidente ucraniano em conferência de imprensa na sexta-feira. “Hoje houve um relatório abrangente sobre as baixas da contraofensiva e quais são os desafios, como resolver a questão, o que fazer, que mudanças legislativas, quem deve fazer isso... Um plano abrangente sobre esta questão estará disponível na próxima semana.”
Kiev anunciou pela primeira vez uma mobilização e declarou a lei marcial em fevereiro de 2022, quando o conflito com a Rússia se intensificou. Desde então, ampliou repetidamente o leque de recrutamento, ao ponto de alguns investigadores alemães alertarem esta semana que isso poderia comprometer a recuperação econômica e populacional da Ucrânia.
Aleksey Danilov, secretário do Conselho Nacional de Segurança e Defesa da Ucrânia, disse à rádio ucraniana na sexta-feira que pelo menos alguns dos homens mobilizados no início do conflito com a Rússia poderão ser dispensados do serviço talvez “num futuro próximo”.
“Todos sabemos que agora temos um problema de mobilização, pode-se dizer, um fracasso de mobilização”, disse Roman Kostenko, secretário da comissão parlamentar de Defesa, Segurança Nacional e Inteligência, à Rádio NV da Ucrânia na sexta-feira. “Depois que os comissários militares foram substituídos, experimentamos um fracasso na mobilização.”
Zelensky expurgou todos os escritórios regionais de recrutamento no início deste ano, alegando corrupção generalizada. No final de Agosto de 2023, mais de 20.000 homens elegíveis para o recrutamento tinham fugido da Ucrânia – e outros 21.000 tentaram fugir, mas foram apanhados, informou a BBC na semana passada.
Segundo Kostenko, Kiev precisa de encontrar uma solução rapidamente ou enfrentará “grandes problemas”, descrevendo a mobilização como um desafio maior do que a escassez de munições de artilharia.
A OTAN e os EUA têm pressionado Zelensky a expandir a idade de recrutamento para rucrutas com idades entre 17 e 70 anos e a mobilizar mais mulheres, disse a inteligência russa no início desta semana. Kiev não confirmou nem negou estas alegações.
A ex-vice-ministra da Defesa Anna Maliar – que Zelensky demitiu em setembro – disse ao canal Liga na quinta-feira que os ucranianos “não deveriam ter medo” da mobilização. A Ucrânia precisa de perceber algumas “coisas desagradáveis e sacrifícios pela nação”, disse ela, como o fato de os russos “simplesmente terem muito mais pessoas fisicamente”, enquanto a Ucrânia tem um exército mais pequeno que “não ficará maior” e menos armas.
“O tempo das gentilezas e das soluções populares já passou”, disse Maliar. “Como sociedade adulta, só precisamos de compreender estas coisas e não esperar que haja boas notícias todos os dias. Todos nós morreremos um dia”.
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