por Douglas N. Puodzius |
Confira aí se você não é tido pelo senso comum como alguém sensato. Um sujeito equilibrado, com quem a direita pode discutir sem sobressaltos e, por lógica coerente, até mesmo concordar em boa parte das questões em um debate sobre a sociedade.
Veja aí se para você esse
discurso de revolução armada é coisa velha. Delírio de uma esquerda
ultrapassada que, até para parecer mais “cool” na rodinha, você denomina como: esquerda
um ponto zero, dinossaurica.
Pois é. É assim que é a esquerda
que pede desculpas para a direita. É um pessoal que, antes de emitir qualquer
opinião, procura demarcar suas discordâncias com o governo Cubano. É uma
obrigação que eles cumprem como que; recitando um mantra. Eles repetem
entusiasmados aquela frase que é música para o ouvido do pessoal de direita: Olha!
Eu não tenho nenhum compromisso com o “Regime” Cubano!
Vamos combinar que essa esquerda
vassala, pede essas decantadas “escusas” sem que seja necessário fazê-lo. Mas,
as faz, querendo dar a entender que deseja somente atender a um eventual pedido
da audiência. Mentira! O público em geral nem se preocupa com essa opinião, portanto,
gente como Marcelo, assim se posiciona não apenas para agradar a direita, como
também por vontade, por gosto, sem a menor necessidade.
Aliás, é interessante reparar que,
quando pedem seus perdões, os Marcelos sempre procuram abordar o tal “regime
maldito”, o tal regime de Cuba, especificando bem a cara do mal, porque,
afinal, outros países não têm regime nenhum que mereça tanto destaque. Então,
somente Cuba merece a má distinção que, por certo, atualmente, expressa-se com uma
ponta de decepção, visto que não se pode mais denunciá-lo como o terrível e
opressor Regime “dos irmãos Castro”. Ah! Que pena!
Em que pese, o fato de esse
detalhe fragilizar o discurso, por só ser possível efetivar a condenação em
termos dessa condição menos gravosa - sem mencionar os ditadores irmãos castro
- o déficit de sordidez acaba sendo compensado pelo drama, já que o barato
mesmo é denunciar o tal regime Cubano, fazendo cara de nojinho. Desprezá-lo
assim com ares de superioridade, dando de barato se Cuba sofre um desumano
embargo americano, e como não fosse necessário se proteger das investidas da
CIA, que está sempre disposta a assassinar qualquer líder do país.
Foi nesse contexto, que Marcelo
Rubens Paiva compareceu para uma entrevista na Globonews abordando a efeméride
dos sessenta anos do Golpe militar. Filho de Rubens Paiva; um não comunista,
como destacou o convidado, estava, portanto, altamente credenciado para abordar
o tema, junto a seus companheiros de luta, no templo da democracia. Ademais,
deve-se fazer justiça para o fato de que Marcelo chamou a atenção para o dado
no perfil paterno quanto a isenção com relação ao mal ideológico, apenas para
bem denunciar a insanidade dos tempos ditatoriais, quando se combatia um
fantasma do comunismo, tratando quem quer que fosse o crítico, como mais um
adorador da foice e do martelo, como fossem estes, sim, merecedores das
atrocidades cometidas pelos torturadores de plantão.
Feita a ressalva, o outro lado da
moeda nos impele a acusar a artimanha midiática, dando certeza de que, mesmo
sendo filho de um homem cuja situação de deputado cassado, torturado e
assassinado e que teve os restos mortais jogados ao mar pelos ditadores,
conferisse ao entrevistado todos os direitos de nesses sessenta anos,
representar uma posição contra o estado autoritário, talvez, a estada de
Marcelo na globo contasse muito mais pela possibilidade de atacar Lula, do que
para registrar as atrocidades vividas pelo pai e muitos outros tantos
comunistas ou não.
E ele, que pertence ao grupo da
esquerda que pede desculpas para a direita, não decepcionou. Logo que teve a
chance meteu um belo discurso contra a posição acovardada de Lula de impedir a
realização de manifestações alertando para os sessenta anos do golpe militar.
Ora! Ora! Ora! Vamos combinar que
um isentão como Paiva, não tem a menor moral para criticar Lula. Lula é o cara
que , agora há pouco, recriou a Comissão
sobre Mortos e Desaparecidos Políticos. Uma vitória mil vezes mais
importante para a luta contra a ditadura, do que mover céus e terras para fazer
a tal discussão naquele momento. O nosso tão indignado Paiva não comemorou esse
evento. Uma dessas iniciativas dos governos do PT, que jamais seriam criadas,
mantidas e menos ainda recriadas por isentões, que jogam lá e cá ao sabor do
vento. Gente que rezou pelo sucesso da lava-jato e não deixa de usar o jargão
de descondensado para se referir a Lula ou fazer carinha de indignado para
dizer que, independentemente dos desvios, não se pode negar que foi descoberta
a corrupção do PT, naquela importante investigação.
Ps. Vamos combinar que, embora tudo possa ser ou
não, considerado justo nessa critica, em nada se deve diminuir em Marcelo
Rubens Paiva, qualquer traço amplamente reconhecido em sua pessoa, no que se
refere ao grande valor ético, a dignidade e sua real vontade de fazer um Brasil
mais justo e solidário.
[1]
Talvez ele nem se identifique como sendo de esquerda, porém muitos o
compreendem nesse espectro do pensamento político.
Mas ninguém fala do bloqueio econômico estadunidense a Cuba! Ser esquerda moderna é bater palmas para o imperialismo!
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