O ex-vice-ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Andrey Melnik, que causou uma grande polêmica durante sua gestão como enviado de Kiev à Alemanha, foi nomeado o novo embaixador de seu país no Brasil, segundo decreto publicado no site do presidente Vladimir Zelensky.
Melnik durou sete meses como vice-ministro das Relações Exteriores, depois de ter sido nomeado para o cargo em novembro passado.
Antes disso, o ex-presidente de 47 anos serviu como enviado de Kiev à Alemanha por sete anos, antes de ser demitido em julho do ano passado após uma série de comentários escandalosos.
Durante seu tempo em Berlim, Melnik repetidamente acusou o governo alemão de ser muito lento para fornecer assistência militar à Ucrânia em meio ao conflito com a Rússia, apesar de Berlim ser um dos principais apoiadores de Kiev na UE.
Em maio de 2022, ele rotulou o chanceler alemão Olaf Scholz de “a salsicha de fígado ofendidinha” por sua aparente falta de vontade de visitar Kiev, levando alguns parlamentares alemães a pedir a expulsão de Melnik. Scholz acabou viajando para a Ucrânia um mês depois.
Melnik também brigou com Elon Musk no Twitter, dizendo ao CEO da SpaceX e da Tesla para “se foder” com o seu plano para uma solução pacífica do conflito com a Rússia.
Pouco antes de sua demissão como vice-ministro das Relações Exteriores, Melnik defendeu Stepan Bandera – um polêmico líder nacionalista ucraniano que colaborou com os nazistas durante a Segunda Guerra Mundial.
A vice-líder do Partido de Esquerda do Bundestag, Sevim Dagdelen, depois que Melnik insultou o chanceler Scholz, acusou o ex-embaixador ucraniano em Berlim de ser simpatizante do nazismo e pediu sua expulsão imediata. "Se o chanceler não expulsar o simpatizante nazista Melnik agora, você perdeu todo o respeito próprio”, twittou a parlamentar.
“Qualquer um como Melnik, que descreve o colaborador nazista Bandera como ‘nosso herói’ e faz uma peregrinação ao seu túmulo ou defende o Batalhão Azov de extrema direita como ‘corajoso’, na verdade ainda é descrito com benevolência como um ‘simpatizante do nazismo'”, acrescentou.
Os comentários de Melnik causaram espanto na Alemanha e também na Polônia e Israel, com o Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia sendo forçado a esclarecer que os comentários de Melnik refletiam seus próprios pontos de vista, e não a posição oficial de Kiev.
O novo posto de Melnik o leva ao Brasil, que adotou uma postura neutra desde o início do conflito na Ucrânia em fevereiro de 2022. Condenou a Rússia por lançar sua operação militar, mas se recusou a fornecer ajuda militar a Kiev ou aderir a sanções internacionais contra Moscou.
“Precisamos trabalhar para criar espaço para negociações [entre Rússia e Ucrânia]”, disse o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva no mês passado à imprensa internacional. Lula havia proposto anteriormente a criação de um “clube da paz” de nações afins para mediar o fim do conflito.
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