sábado, 7 de outubro de 2023

Washington Post foi pressionado sobre sua cobertura da Ucrânia


Autoridades ocidentais instaram a mídia a retratar a catastrófica contra-ofensiva da Ucrânia usando uma abordagem "mais caridosa", informou o Washington Post.
O jornal dos EUA afirmou que os esforços visam evitar um declínio no apoio público ao fornecimento de mais ajuda militar a Kiev nos próximos meses.

Num artigo publicado no sábado, o Post alegou que “nas últimas semanas, as autoridades ucranianas e ocidentais concentraram-se em remodelar a narrativa” no meio do progresso desanimador de Kiev até agora. A implementação da suposta nova estratégia tem provavelmente a ver com o aumento das críticas em alguns países ocidentais, o que pôs em cheque a continuação da ajuda militar a Kiev.

De acordo com o meio de comunicação social, embora os apoiantes ocidentais da Ucrânia estejam publicamente a mostrar coragem na contra-ofensiva, em privado estão cada vez mais preocupados com a possibilidade de o conflito se tornar congelado, com as forças de Kiev incapazes de romper as defesas russas.

O Post observou que vários responsáveis ocidentais prestaram recentemente uma atenção invulgar, nas suas conferências de imprensa, à forma como os meios de comunicação social estão cobrindo o fracasso do progresso dos militares ucranianos. Num exemplo citado pelo jornal, um funcionário não identificado instou os jornalistas a “elevar um pouco a conversa” e a parar de se concentrar demasiado nos desenvolvimentos diários no terreno, para não perderem o “quadro mais completo”.


O mesmo responsável também tentou diminuir as expectativas no briefing, dizendo que uma vitória ucraniana não significaria necessariamente a recaptura de “todo o território até à data X” – apesar da insistência do Presidente ucraniano, Vladimir Zelensky, de que este é o único cenário aceitável.

As autoridades ucranianas têm limitado o acesso dos jornalistas à linha da frente e detido repórteres alegando razões de segurança, continuou o Post. Oficiais especiais estão a garantir que temas sensíveis, como as perdas territoriais de Kiev, o número de soldados mortos e o equipamento destruído pela Rússia, sejam mantidos em sigilo.


No final do mês passado, o New York Times noticiou que um abrandamento na contra-ofensiva “traz enormes riscos para a Ucrânia”. O jornal explicou que “se parecer improvável a recaptura de grandes áreas do país, o apoio ocidental poderá diminuir, seja por falta de vontade política ou por falta de vontade de doar mais armas”.

Entretanto, o progresso já lento de Kiev pode ser ainda mais dificultado pelas chuvas de Outono na região, salientou o NYT, acrescentando que tais condições meteorológicas adversas tornariam o terreno quase intransitável para tanques pesados e outro equipamento fornecidos pelo Ocidente.

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