O presidente russo, Vladimir Putin, confia que a Venezuela e o Brasil resolverão as suas diferenças bilateralmente, depois de Caracas ter acusado o Itamaraty de vetar a sua entrada no grupo BRICS+, que realizou aqui uma cúpula esta semana.
Putin revelou que desde a última terça-feira tinha informações sobre o veto do Itamaraty, o Itamaraty, à incorporação da Venezuela como associada do BRICS+.
O veto brasileiro, comentado nesta sexta-feira no Brasil por Celso Amorim, chanceler no primeiro governo do presidente Luis Inácio Lula da Silva e atual assessor presidencial, se deve ao fato de Caracas não ter entregue a ata da eleição do último dia 28 de julho. , do qual o presidente Nicolás Maduro se declarou vencedor.
Putin declarou, no âmbito da reunião do BRICS+, que o seu governo dá como certa a vitória de Maduro, que não é reconhecida, entre outros, pelos Estados Unidos ou pela União Europeia.
“Acreditamos que o presidente Maduro venceu as eleições e que foram justas. Ele formou o seu governo e desejamos muito sucesso ao seu governo e ao povo da Venezuela. Espero que Brasil e Venezuela possam resolver suas diferenças bilateralmente”, disse Putin.
O presidente venezuelano chegou à cúpula do BRICS+ na noite de terça-feira, hora local (nove horas antes do centro do México). Ao chegar, declarou que esta cúpula reuniria os países com as maiores reservas de petróleo do mundo, onde a Venezuela está em primeiro lugar.
Nesse dia, ele mencionou que tinha vindo à cúpula de Kazan para oferecer a sua parte nas questões petrolíferas aos 35 países que aqui se reuniram e definiu os BRICS+ como “o epicentro da nova geopolítica”.
O grupo tem nove membros permanentes: Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. A Arábia Saudita não aderiu formalmente, mas participa no núcleo principal. Na reunião que terminou esta quinta-feira, Argélia, Bielorrússia, Bolívia, Cuba, Indonésia, Cazaquistão, Malásia, Nigéria, Tailândia, Turquia, Uganda, Uzbequistão e Vietname foram incorporados como associados.
Pouco depois de ser conhecida a incorporação dos 13 associados, o Itamaraty acusou o Itamaraty, seu homólogo brasileiro, de ter vetado a sua entrada.
O governo venezuelano garantiu nesse comunicado de quinta-feira que contou com a ajuda e “apoio dos países participantes na cúpula para a formalização da sua entrada neste mecanismo de integração”, em referência ao BRICS+.
“Mas através de uma ação que contraria a natureza e o postulado dos BRICS, a representação do Itamaraty, liderada pelo embaixador Eduardo Paes Sabina, decidiu manter o veto que (o ex-presidente direitista Jair) Bolsonaro aplicou à Venezuela durante anos, reproduzindo o ódio, a exclusão e a intolerância promovidos pelos centros de poder ocidentais”.
O comunicado de Caracas não menciona em lugar nenhum o presidente brasileiro Luis Inácio Lula Da Silva, que não se deslocou à cúpula - da qual participou por videoconferência - devido a prescrição médica após um acidente doméstico, conforme noticiado no início da semana.
O presidente Putin disse, a respeito do conflito entre os dois países latino-americanos, que a Rússia e o Brasil têm opiniões diferentes sobre a Venezuela.
“Outro dia falei sobre isso com o presidente do Brasil. Fora isso, desenvolvemos relações de amizade muito boas. Pelo menos é assim que eu vejo. A Venezuela está lutando pela sua independência e soberania”, declarou Putin.
Ele acrescentou:
“Lembro-me de uma ocasião, ocorreu depois das eleições presidenciais anteriores, quando um líder da oposição chegou a uma praça, olhou para o céu e proclamou que diante de Deus se considerava presidente. Que ridículo! Naquela época, discutimos esta situação com os líderes americanos. Afinal, apoiaram e continuam a apoiar a oposição. Mas naquele momento eles não disseram nada e apenas sorriram em resposta”.
Putin expressou confiança de que o Brasil e a Venezuela possam resolver suas diferenças bilateralmente.
“Sei que o presidente Lula é um homem muito honesto e decente e tenho certeza que ele adotará uma posição imparcial e imparcial sobre esta situação. Durante a nossa conversa telefónica, pediu-me que transmitisse uma mensagem ao Presidente da Venezuela. Espero que a situação melhore.”
O Presidente Nicolás Maduro falava na última sessão da cúpula, na passada quinta-feira, que contou com a presença de líderes de 35 países, dos quais 32 eram presidentes e três ministros dos Negócios Estrangeiros.
Nessa cerimónia, Putin destacou o crescimento da economia venezuelana e disse que o atual governo segue a política do falecido presidente Hugo Chávez de reforço da soberania.
A mídia venezuelana divulgou fotos de Maduro cumprimentando o líder chinês Xi Jinping e o próprio Putin. Maduro participou dos eventos oficiais do evento.
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