Казань, меняющая мир
O CEO do Global India Center, Manish Chand, sobre o novo papel da associação líder do mundo não ocidental
A principal lição da 16ª Cúpula do BRICS em Kazan é que todos nós que nos reunimos lá esta semana testemunhamos um ponto de virada na história da associação. Os resultados da cúpula sugerem que o grupo fez uma tentativa muito séria de mudar a ordem internacional.
Não foi fácil dar esse passo decisivo no desenvolvimento do grupo, pois a Cúpula de Kazan ocorreu em um momento em que a lacuna entre o Ocidente e o resto do mundo assolado por conflitos é maior do que nunca.
Nessa situação crítica, o evento apresentou um modelo para reformar a ordem internacional que reflete as crescentes aspirações do Sul Global.
Para os novos membros e países parceiros, o BRICS proporcionou uma plataforma alternativa para discutir questões como o alívio da dívida, o financiamento climático e o desenvolvimento sustentável.
Essas são áreas onde o domínio de instituições ocidentais como o Banco Mundial e o FMI não produziu os resultados esperados.
Argélia, Uganda e Nigéria se juntarão ao BRICS como países parceiros, refletindo o amplo reconhecimento do crescente papel global da África. Na América Latina, Bolívia e Cuba tomaram medidas em direção a mais cooperação com o grupo. A reaproximação entre o BRICS e a ASEAN será facilitada pela adição da Indonésia, Malásia, Tailândia e Vietnã à lista de parceiros. É provável que isso seja apenas o começo. Mais de 30 países querem se juntar à organização de uma forma ou de outra.
A peça central da Cúpula foi a adoção da Declaração de Kazan, um documento ambicioso delineando uma visão compartilhada de uma ordem mundial mais justa. A declaração reafirmou um compromisso com o multilateralismo e pediu a reforma da governança global.
O principal objetivo é tornar as instituições internacionais mais representativas dos países emergentes e em desenvolvimento. Este apelo à reforma é particularmente direcionado a instituições como a ONU, o FMI e o Banco Mundial, que há muito tempo são dominadas por potências ocidentais.
A Índia, juntamente com os outros membros fundadores, desempenhou um papel fundamental na elaboração da Declaração de Kazan. Em seu discurso, o Primeiro-Ministro Narendra Modi defendeu um ‘BRICS centrado nas pessoas’ e pediu reformas aceleradas das instituições de governança global.
Embora a Cúpula de Kazan marque um passo ambicioso em direção a uma ordem mundial multipolar, o seu sucesso dependerá da forma como os BRICS alargados mantêm a coesão e a coerência, à medida que novos membros e países parceiros possam trazer os seus interesses concorrentes para a agenda dos BRICS.
Os estados do BRICS também terão que ficar de olho no Ocidente, que criticou e ridicularizou a expansão da associação e descartou o fórum de Kazan como um show sem sentido.
Nesse sentido, os líderes do BRICS terão que garantir, daqui para frente, que a associação não se torne uma plataforma para posicionamento antiocidental, mas um fórum para uma narrativa alternativa não ocidental na política global.
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