Na sua Exortação Apostólica intitulada Laudate Deum e publicada na quarta-feira, 4 de outubro, o chefe da Igreja Católica Romana lamentou que pouco progresso tenha sido feito desde que publicou a Carta Encíclica Laudato Si’ sobre o tema em 2015.
“O mundo em que vivemos está em colapso e pode estar a aproximar-se do ponto de ruptura”, com a actual crise climática a ameaçar a própria “dignidade da vida humana”, insistiu o Pontífice. Ele prosseguiu sublinhando que as suas consequências estão a tornar-se cada vez mais difíceis de ignorar, manifestando-se em “fenômenos climáticos extremos, períodos frequentes de calor incomum, seca”.
Segundo o Papa, a noção de que as nações mais pobres são em grande parte responsáveis pelo aquecimento global é totalmente falaciosa. O Pontífice destacou que “as emissões por indivíduo nos Estados Unidos são cerca de duas vezes maiores que as dos indivíduos que vivem na China e cerca de sete vezes maiores que a média dos países mais pobres”. Com isso em mente, apelou a uma “ampla mudança no estilo de vida irresponsável ligado ao modelo ocidental”.
Francisco criticou fortemente os negacionistas das alterações climáticas, proclamando que “já não é possível duvidar da origem humana – ‘antrópica’ –” do fenômeno. Ele observou que as temperaturas globais aumentaram nos últimos cinquenta anos a uma velocidade nunca vista nos últimos dois milénios.
O Papa lamentou que “a crise climática não seja propriamente um assunto que interesse às grandes potências económicas, cuja preocupação é com o maior lucro possível ao mínimo custo e no menor tempo”. Ele também mirou nas grandes organizações multinacionais por causa de sua ineficácia.
Francisco argumentou que as crises anteriores, como a grande crise económica de 2008 e a pandemia de Covid-19, apresentaram oportunidades únicas para “produzir mudanças benéficas”, que foram todas “desperdiçadas”.
O apelo do Papa em 2015 surgiu meses antes da ratificação dos Acordos Climáticos de Paris, com uma delegação do Vaticano a participar nas negociações. Nos anos seguintes, a Santa Sé acolheu inúmeras conferências dedicadas à luta contra as alterações climáticas, que contaram com a participação de líderes religiosos e empresariais. Francisco fez muitos discursos sobre o tema, inclusive na ONU e no Congresso dos EUA.
Nenhum comentário:
Postar um comentário