O delator da NSA, Edward Snowden, disse que teve que buscar refúgio na Rússia depois de esgotar outras opções para obter proteção do governo dos EUA após expor o programa ilegal de vigilância em massa da agência de espionagem.
Outras nações não queriam cruzar Washington ou não estavam confiantes de que poderiam impedir Snowden de ser sequestrado por um “esquadrão blackbag” dos EUA, disse ele em entrevista ao jornalista Glenn Greenwald na terça-feira.
Em junho de 2013, Snowden se reuniu com um grupo de jornalistas em Hong Kong para divulgar o tesouro de materiais classificados que ele pegou da NSA. Seu plano era então viajar via Moscou para Cuba e depois para um país latino-americano, que lhe concederia asilo político.
“Tínhamos contatos, tínhamos garantias [de que] essa provavelmente seria nossa melhor aposta”, lembrou. Inicialmente, ele esperava que algum país europeu, como Alemanha ou França, o abrigasse, mas “todos os diplomatas com quem conversamos na Europa basicamente disseram que isso não vai funcionar, eles vão ceder”.
No momento em que Snowden pousou na capital russa, os EUA haviam revogado seu passaporte, efetivamente prendendo-o no saguão do aeroporto. Enquanto ele estava lá, os EUA orquestraram o pouso forçado de um avião do governo boliviano que transportava o então presidente Evo Morales, que voltava de Moscou para casa. As autoridades americanas suspeitaram que Snowden estava a bordo.
“Até os russos ficaram chocados com o extremo dessa conduta”, disse Greenwald, referindo-se a uma conversa que teve com um cônsul russo, que reconheceu seu nome quando o jornalista solicitou um visto para visitar Snowden em Moscou.
O denunciante chegou à conclusão de que, mesmo que uma nação mais poderosa o recebesse, “você precisa passar por muitos estados vassalos na rota aérea para chegar lá”.
“Estava sem opções. Pedi asilo na Rússia. Foi-me concedido e, na verdade, fiquei muito sozinho desde então, o que é tudo o que posso pedir, dadas as circunstâncias”, sugeriu.
Snowden recebeu a cidadania russa no ano passado. Esse fato é frequentemente levantado por críticos, que o acusam de deslealdade à sua nação natal, uma noção que Greenwald disse que queria abordar.
A palestra fez parte de uma reunião especial de aniversário de dez anos, que também contou com a participação da cineasta Laura Poitras. Ela e Greenwald faziam parte do círculo interno que divulgou a história da vigilância.
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