Muito provavelmente, eu esteja tomado por uma outra memória afetiva, pois, ontem, encontrei um senhor saudosista, que insistia em falar dos bons tempos de sua infância, primeiro, nossa faixa etária, é exatamente a mesma, assim, os bons tempos dele, seria exatamente os mesmos que os meus.
Eu nem precisei mergulhar na busca de lembranças antigas, o contraste, daquilo que alguns classificam como bom, veio de pronto, para todas as contestações possível.
Daquilo que alguns chamam de bom. Primeiro, a padaria, o mercado, a quitanda, a farmácia, o ponto de ônibus, ficavam a mais de um quilômetro de casa, não tinha asfalto, estes fatos e a distância, são lembranças de antes do período escolar, só até a quarta série. Pela falta de asfalto e, num tempo da São Paulo da garoa, chegávamos sempre com os sapatos sujos na escola. Nos primeiros anos de moradia, na mesma Vila Terezinha, na mesma rua, que na época, era a "Rua 2", não havia energia elétrica, a água vinha de poços, isto é, quando não tinha e constantes secas, ai, as minas d'água, os riachos e córregos.
Falando de comunicação, a homofobia, o racismo, a xenofobia, (já o machismo, que as vezes, também misoginia, "quando militante de esquerda" porco chovinismo. Ainda falando de comunicação, as músicas sertanejas, ou caipira, eram moda de viola, o cantar a mulher amada, era um enaltecer da musa, não um exortar de ofensas e desvalorizações.
Tempos idos, ou tempos saudosos, depende.
Ainda que a modernidade tenha trazido benéfices, nem tudo é flores. Aquela violência das brigas da adolescência, viraram ameças, quando, mortes, os antigos e recrimináveis, crimes da "legítima defesa da honra, perderam esta injuriosa defesa, porém, multiplicaram, apesar da evolução da legislação, a explícita ditadura militar, virou um ditadura implícita, com um deslavado culto religioso a um Cristo, "suicida e sado-masoquista" não que o Cristo daquele tempo tenha sido diferente, porém, neste intervalo de tempo, conhecemos a teologia da libertação, que ajudou a organizar a população para a conquista do saneamento básico e do transporte.
Passados "sessenta ou cinquenta anos", as flores, nem sempre dão flores. Mas resistimos, inclusive, nas ondas da Rádio Comunitária Cantareira, algo inimaginável naqueles tempos sombrios.
Nenhum comentário:
Postar um comentário