Pepe Escobar: US Outmatched by Russia, China |
"É tão absurdo que, obviamente, esses neoconservadores nem sequer leram [Zbigniew] Brzezinski", disse Escobar, referindo-se ao ex-assessor de segurança nacional dos EUA e influente estrategista.
Como o pesadelo de Brzezinski se transformou em realidade.
Sob o governo Biden, as relações de Washington com Moscou e Pequim atingiram um novo patamar. Tendo desprezado as propostas de rascunhos de segurança da Rússia sobre a ampliação da OTAN e a neutralidade da Ucrânia, os EUA aumentaram a ajuda militar ao regime de Kiev após o início da operação militar especial de Moscou (SMO) para desmilitarizar e desnazificar a Ucrânia. O governo Biden não apenas impôs sanções à Rússia e descarrilou os acordos preliminares de paz de março de 2022 em Istambul entre Moscou e Kiev, mas pediu abertamente para que sangrasse a Rússia (bleeding Russia white) e impusesse uma derrota estratégica à nação.
Simultaneamente, Washington lançou mão de uma série de provocações contra a China por causa de Taiwan, a ilha localizada na junção dos mares do Leste e do Sul da China, que Pequim considera parte inalienável da República Popular. Os presidentes da Câmara, Nancy Pelosi e Kevin McCarthy, se reuniram com a líder taiwanesa Tsai Ing-wen no que foi visto por Pequim como um claro desafio ao princípio Uma China, enquanto o presidente Joe Biden emitiu repetidas "gafes" de que os EUA estão prontos para "proteger" a ilha militarmente da República Popular. Recentemente, o Pentágono acelerou o fornecimento de armas para Taipei, já que este último se prepara para as eleições presidenciais de janeiro de 2024.
Apesar desses movimentos provocativos, os militares dos EUA não estão prontos para um confronto total com a China, de acordo com Escobar.
Da mesma forma, Washington não conseguiu derrotar Moscou militar ou economicamente, apesar de um conjunto de medidas sem precedentes tomadas pelos EUA, seus aliados e parceiros da OTAN contra a Rússia.
A Rússia sobreviveu a tudo o que o Ocidente jogou contra ela após o início da operação militar especial, especialmente a guerra econômica, a guerra financeira", disse Escobar. "E a Rússia sobreviveu e resistiu. E agora está crescendo novamente com a inflação de 3%, onde temos nações na Europa com 10-20-30% de inflação e se debatendo.""
Além do mais, as provocações do governo Biden e a retórica belicosa contra a Rússia e a China serviram para aproximar as duas grandes potências. Em março, o presidente chinês Xi Jinping fez uma visita de três dias a Moscou a convite de seu colega russo, Vladimir Putin. Observadores chamaram a atenção para o fato de que a Rússia se tornou o primeiro estado estrangeiro visitado por Xi após sua histórica reeleição em 10 de março.
Comentando sobre o desenvolvimento, observadores chineses disseram ao Sputnik que a Rússia e a China "entraram em um novo estágio de cooperação abrangente e parceria estratégica". Foi assim que o time 'Biden' transformou em realidade o cenário de pesadelo de Brzezinski de uma "grande coalizão" entre Moscou e Pequim.
O que está por trás da resiliência da Rússia?
Segundo Escobar, Moscou passou grande parte da última década se preparando para a guerra híbrida e financeira do Ocidente. Os formuladores de políticas russas começaram a planejar o jogo para um possível confronto logo depois que um golpe apoiado pelos Estados Unidos em Kiev usurpou o poder na Ucrânia.
O ceticismo de Escobar sobre a eficácia das sanções ocidentais foi confirmado quando o veterano jornalista chegou a Moscou em fevereiro de 2023. Ele disse à Sputnik que estava surpreso com a normalidade da vida na capital russa, apesar da pressão externa sem precedentes.
“No primeiro dia em que cheguei a Vnukovo [aeroporto], deixei minhas malas no meu estúdio e saí para uma caminhada de sete horas pela cidade não para ter uma experiência intelectual, mas a intuição”, lembrou o veterano jornalista. "Como é estar em Moscou agora? Então, eu não vi uma economia frágil e despedaçada. Não vi um país sob sanções como me lembro ter visto o Irã sob sanções, e foi muito, muito difícil. Eu não podia sentir isso aqui. Eu vi uma das cidades mais lindas do mundo com uma infraestrutura absolutamente inigualável. Em qualquer lugar é extremamente limpo. Isso é muito importante para todos nós que vivemos no Ocidente."
O Fim do Domínio Tecnológico Ocidental
O governo Biden insistiu repetidamente que os Estados Unidos e seus aliados europeus permanecerão os centros de inovação tecnológica global por um futuro indefinido. Escobar, que passou muito tempo no Oriente Médio e na Ásia, descarta essas alegações como arrogância delirante.
"E a liderança política [dos EUA] não entende matemática ou física simples, aliás. E o sistema americano, em termos de complexo industrial militar, é basicamente para fins lucrativos, não para fabricar armas capazes de travar guerras, que é exatamente o que os russos fazem. Há uma especialização técnica na Rússia desde os tempos soviéticos. A base do sistema de mísseis hipersônicos já foi estabelecida durante a era Brezhnev", disse Escobar.
O fracasso coletivo do Ocidente em coagir Moscou, Pequim e a maioria das potências do Sul Global à submissão indica claramente que o mundo mudou irreversivelmente. O mundo está passando por tempos históricos para uma mudança em toda a nossa ordem existente. Escobar concordou com o presidente chinês Xi Jinping, que recentemente observou que parece que estamos testemunhando mudanças que não víamos há 100 anos.
Para mais análises exclusivas de Pepe Escobar sobre as relações dos EUA com a Rússia e a China, confira o episódio completo do podcast no Telegram e Odysee. Se você quiser saber mais sobre as opiniões de Escobar sobre a desdolarização, pode encontrá-lo aqui.
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