sábado, 19 de dezembro de 2020

DEZEMBRO VERMELHO - DEBORA SABARÁ FALA SOBRE CIDADANIA LGBTQI, PRECONCEITO E PREVENÇÃO CONTRA HIV/AIDS

 

 

UMA MÃE, TRABALHADORA QUE LUTA PELO DIREITO DE TODOS SEREM CIDADÃOS DE FATO
Deborah Sabará é coordenadora da Associação Grupo Orgulho, Liberdade e Dignidade (GOLD), presidenta do Conselho de Estado de Direitos Humanos do Espírito Santo (CEDH-ES), coordenadora colegiada do Fórum LGBT do Espírito Santo, secretária de Direitos Humanos da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexuais (ABGLTI) e diretora de Ética na Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA).
ACOMPANHE DEBORA SABARÁ
NO SUPER BATEPAPO

Deborah Sabará, transexual, militante da causa lgbtqi, Coordenadora do forum pela cidadania lgpt ES, Coordenadora de Ações e Projetos na empresa Associação GOLD, falou com a galera do Super batepapo sobre a cidadania lgbt e prevenção ao HIV-aids. 

Nessa conversa Debora esteve bem acompanhada por Élida Miranda, Coordenadora de Projetos do Fundo Positivo, que também discorreu sobre o assunto. Ela chamou a atenção para a importância de se tratar a sexualidade como um processo de desenvolvimento da vida humana e garantir o acesso do jovem a esse tipo de informação para que ele possa vivenciar as experiências sexuais de modo seguro.



A Associação Grupo Orgulho , Liberdade e Dignidade - GOLD é uma entidade sem fins lucrativos que desde 2005 atua no Espírito Santo promovendo a cidadania e defendendo o direito de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais, contribuindo ainda para a construção de uma democracia sem qualquer forma de discriminação e afirmando a livre orientação sexual e identidade de gênero.

A Gold é a ONG LGBT Capixaba, aquela que se coloca à disposição de todas, todos e todes na construção de projetos e espaços de diálogo para redução da LGBTfobia.

Venha nos visitar e conhecer nossos projetos passados, presentes e nossos sonhos futuros. Estamos sempre abertos a novas parcerias e ideias. Aguardamos seu contato. Facebook Twitter Instragram



Dezembro vermelho: o que é?

O último mês do ano também tem um tema para chamar de seu. Você já ouviu falar sobre dezembro vermelho? Sabe sobre o que se trata? Se não, chegou a hora de conhecer. Continue lendo o artigo para entender mais sobre!

Dezembro vermelho

Mês da conscientização e combate à Aids


1º de dezembro é o Dia Mundial de Luta Contra a Aids.

A data foi estabelecida internacionalmente em 1987 por decisão da Assembléia Mundial de Saúde com apoio da Organização das Nações Unidas (ONU). No Brasil, o Ministério da Saúde adotou a data um ano depois.

O objetivo foi o de reforçar a solidariedade, a tolerância, a compaixão e a compreensão com portadores de AIDS.

Nada mais justo do que prolongar o dia para um mês todo. Dezembro, portanto, é o dezembro vermelho, o mês da conscientização e combate à AIDS.

Saiba mais sobre o assunto

quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

Intromissões imperialistas nas eleições Venezuelanas

Venezuelan National Assembly Elections
 amidst Imperialist Meddling Marked by Low Turnout
 - 
por Jorge Martin

As eleições de 6 de dezembro para a Assembleia Nacional na Venezuela foram marcadas por uma baixa participação em meio à agressão imperialista e a uma profunda crise econômica. Os EUA e a UE já haviam anunciado com antecedência que não reconheceriam os resultados, mas o trunfo Guaidó está esgotado. A vitória do PSUV anuncia o aprofundamento de sua virada política para a direita.

A primeira coisa a se notar nas eleições venezuelanas de ontem é a escandalosa campanha de interferência imperialista de Washington e Bruxelas. Os EUA obviamente fracassaram em sua ofensiva de “mudança de regime” em 2019/20, que incluiu a autoproclamação de Guaidó como “presidente”, um golpe militar fracassado, uma incursão mercenária, sanções, ameaças etc. Esta campanha de agressão imperialista continua até hoje com a recusa em reconhecer esta eleição e seus resultados. No entanto, seu homem, Guaidó, é claramente uma força esgotada, que, tendo falhado em seus objetivos de derrubar o governo de Maduro, está agora amplamente desacreditada e nem mesmo conta com o apoio unificado da oposição pró-imperialista.

A UE, que apoiou Washington, mas só tocou como o segundo violino, tentou adiar as eleições, o que Maduro com razão recusou. O povo venezuelano tem seu próprio governo e tem o direito de realizar eleições na data prevista, sem que Borrell, Pompeo ou o sinistro criminoso de guerra Abrams tenham algo a lhe dizer.

Em 9 de desembro, porta-vozes imperialistas na Europa e nos Estados Unidos esqueceram a pandemia e destacam o baixo comparecimento. A participação foi baixa e as razões para isso serão discutidas mais adiante; no entanto, nas eleições parlamentares na Romênia no mesmo dia, a participação também foi de apenas 31%, sem ameaças imperialistas nem boicote da oposição, e não vemos Washington nem Bruxelas reclamando contra as eleições romenas.

Jeanine Añez
Talvez o exemplo mais escandaloso de duplo critério reacionário foi o tweet de Jeanine Añez dizendo que as eleições venezuelanas eram “falsas”. Esta é a pessoa que se tornou “presidente” da Bolívia através de um golpe militar, sem que uma única pessoa tivesse votado nela para ocupar aquele cargo e cujo partido recebeu apenas 4,2% dos votos!

A maior parte (mas não toda) da oposição (sob instruções de Washington) decidiu boicotar a eleição, mas não fez campanha pelo boicote nem tentou atrapalhar a votação, como fizeram com as eleições para a Assembleia Constituinte em 2017.

Nessas condições, o comparecimento foi fundamental para o governo fortalecer sua legitimidade. Além do boicote da oposição, o governo de Maduro lutava contra a desilusão entre as fileiras chavistas. Este é o resultado da profunda crise econômica (agravada por sanções), mas também do fato de o governo não ter sido capaz de cumprir suas repetidas promessas de reverter a situação. As pessoas perderam a conta de quantas vezes o governo prometeu transformar a Venezuela em uma potência econômica e as repetidas concessões ao setor privado não produziram resultados tangíveis.

A isso temos que acrescentar o curso à direita do governo. Ao enfrentar as sanções, o governo tornou-se dependente de seus parceiros comerciais (China, Rússia, Turquia e Irã), que pressionaram por uma política de restauração de algum tipo de equilíbrio, desfazendo muitas das conquistas da revolução bolivariana e criando condições favoráveis ​​ao investimento capitalista estrangeiro. Assim, temos visto a crescente privatização de empresas estatais, muitas das quais foram nacionalizadas sob Chávez. No campo da reforma agrária ocorreram inúmeros incidentes em que se tomaram terras comunais para serem entregues a proprietários privados, utilizando a força do Estado (tanto a Guarda Nacional quanto o grupo de elite anti-extorsão e sequestro FAES) e o judiciário contra os camponeses. O Ministro da Agricultura é um dos principais defensores da ideia de promover uma “burguesia revolucionária”. Contratos de negociação coletiva foram destruídos como parte de um pacote econômico em agosto de 2018. Ativistas operários e camponeses foram presos, em alguns casos por anos sem julgamento, enquanto golpistas fantoches imperialistas reacionários estão livres para continuar conspirando ou são libertados da prisão como um gesto de boa vontade. Esse movimento à direita do governo criou um clima de desilusão e oposição entre os ativistas chavistas.


Dito isto, o PSUV ainda é uma máquina eleitoral formidável e bem lubrificada, e ainda comanda um certo grau de apoio entre as camadas mais pobres da sociedade. Pode-se entender este apoio, em parte, porque o partido está associado ao legado de Chávez e aos ganhos reais obtidos com a revolução; em parte porque o partido está associado às cestas básicas do CLAP e a outros benefícios sociais entregues pelo governo; em parte também devido ao profundo ódio ao imperialismo e seus agentes locais, o que leva ao cerramento das fileiras do PSUV. Isso é algo que os comentaristas capitalistas são completamente incapazes de entender. Quanto desse apoio ainda se mantém foi uma das questões-chave nesta eleição.

Nos dias que antecederam as eleições, ficou claro que Maduro e o PSUV estavam preocupados com a possibilidade de uma participação muito baixa (e eles têm os meios para avaliar isso com muita precisão). Esta é a razão pela qual Maduro deu a entender que, se perdesse esta eleição, renunciaria, na tentativa de encorajar o voto da oposição. Ele também fez o possível para bloquear o acesso do Partido Comunista Venezuelano aos telespectadores em um discurso na TV, provavelmente revelando que sabia que o PCV estava indo melhor do que o esperado.

Em geral, desde que Chávez venceu pela primeira vez em 1998, as eleições venezuelanas começavam de manhã cedo e havia filas nas seções eleitorais até o fechamento e mesmo depois. As seções eleitorais geralmente eram forçadas a permanecer abertas após o horário de fechamento porque ainda havia filas de pessoas esperando para votar.

Desta vez foi diferente. A participação durante o dia foi baixa. Não apenas baixa no sentido de que os eleitores da oposição não compareceram (o que era previsível), mas baixa também em termos dos votos chavistas do núcleo duro, que não atingiram o número que alcançaram nas eleições anteriores. Na hora do encerramento oficial, o Conselho Nacional Eleitoral declarou que as assembleias de voto permaneceriam abertas, embora não houvesse filas de espera.

De acordo com os resultados provisórios, com 82,35% dos votos apurados, o comparecimento foi de 31%. O comparecimento foi baixo, mesmo considerando o boicote da maioria da oposição. O PSUV recebeu 67% dos votos válidos, que, se extrapolarmos para os 100% dos votos, somariam 4,3 milhões. Compare-se isto aos 5,6 milhões de votos nas eleições anteriores à Assembleia Nacional em 2015, aos 6,2 milhões de votos nas eleições presidenciais de 2018 (também com um boicote da maioria da oposição, embora essas duas eleições não possam ser comparadas de forma direta). Este foi um mau resultado para o PSUV, que mesmo assim terá uma maioria substancial na nova Assembleias Nacional, talvez até mesmo uma supermaioria de dois terços.


O surgimento da Alianza Popular Revolucionaria (APR) é uma característica importante desta eleição. Pela primeira vez desde 1998, há um candidato à esquerda do principal partido chavista (se é que o PSUV ainda pode ser considerado como tal). No entanto, a APR, que estava passando pela chapa eleitoral do PCV, tinha uma série de fatores contra. Em primeiro lugar, trata-se de uma aliança muito recente, que só foi constituída em agosto. Foi atingida por interferências do Estado, incluindo o fato de três dos partidos componentes terem seus registros eleitorais suprimidos pelo Supremo Tribunal Federal. Isso significa que em alguns estados com forte tradição do PPT, por exemplo, as pessoas podem ter votado na chapa do partido, sem perceber que a chapa não estava mais sob o controle da direção do partido, e assim votando no PSUV ao invés de votar na APR. Também ocorreram incidentes de assédio a candidatos da APR, tanto por parte da polícia como de dirigentes de empresas estatais. Uma escandalosa campanha de censura na mídia estatal tornou a APR invisível para a maioria dos eleitores chavistas, apesar do fato de os candidatos da oposição de direita receberem ampla cobertura.

Além disso, a força e a presença da APR são desiguais em todo o país. Sua campanha teve um impacto importante entre as camadas mais ativas (nas redes sociais, organizações de base etc.), mas não foi realmente capaz de alcançar as massas de trabalhadores e pobres, em parte devido às suas próprias deficiências e falta de recursos, em parte por causa do boicote do Estado. Também vale a pena mencionar que os principais partidos da APR se recusaram a discutir um programa claro, o que aumentou a confusão e tornou mais difícil conter a campanha de mentiras e calúnias contra eles.


No final, a APR recebeu 143.917 votos (na primeira contagem oficial provisória), o que poderia significar cerca de 175.000 quando todos os votos forem contados, 2,7%. Seria o mesmo número de votos que o PCV recebeu na eleição presidencial de 2018 quando fazia parte da coalizão de Maduro (na Venezuela é possível votar em um candidato mas fazê-lo na chapa de cada um dos partidos que o apoiam). A esta altura, parece claro que a APR vai eleger deputados para a Assembleia Nacional, embora não esteja claro quantos.

O PSUV, apesar do mau resultado, terá alcançado o seu principal objetivo: retomar o controle da Assembleia Nacional. Agora terá um domínio mais livre na execução de suas políticas e na aprovação do legislativo. Se seu histórico recente for um guia, ele usará esse poder para aprofundar sua virada liberal. Dois dias antes da eleição, o presidente Maduro, em discurso pela televisão, dirigiu uma mensagem aos capitalistas:

“aos empresários, nacionais e internacionais, digo-lhes que com uma nova Assembleia Nacional chegarão novos tempos e vocês nos encontrarão prontos para implementar quaisquer mudanças, reformas e adaptações para impulsionar o aparato produtivo e apoiar o setor privado em seu crescimento”.

Mike Pence e Guaidó

Mesmo que o PSUV por si só não consiga a maioria de dois terços necessária para tomar certas decisões, certamente poderá contar com o apoio de partidos de oposição de direita para realizar políticas pró-capitalistas. A estratégia traçada parece ser a de oferecer concessões ao investimento capitalista da China, Rússia, Turquia etc., na esperança de que isso obrigue a União Europeia a mudar suas políticas. Com Guaidó firmemente fora de cena (ele baseou a pequena alegação de legitimidade na maioria da oposição na Assembleia Nacional) e Trump em sua saída, Maduro espera chegar a um entendimento com a UE e Biden a fim de levantar ou aliviar as sanções que afetaram a economia venezuelana. Alguns argumentam que este é o único caminho possível e realista para um país sujeito a sanções econômicas asfixiantes.

Claro, qualquer país sujeito a sanções deve estar preparado para negociar com quaisquer países que estejam preparados para negociar com ele. No entanto, as políticas do governo de Maduro não se baseiam apenas no comércio com este ou aquele país. No centro de suas políticas, desde a época em que foi eleito pela primeira vez, mas aprofundada e intensificada desde o pacote econômico de 2018, está a ideia de alcançar uma reconciliação com o setor privado e as multinacionais fazendo todo tipo de concessões. Novamente, alguns argumentarão que não há outra política possível. Isso só é verdade se você só aceitar os limites do sistema capitalista. Dentro do capitalismo, com a queda dos preços do petróleo em 2014/15, a política de programas sociais massivos teve que acabar.

Outra política teria sido possível: a de seguir o conselho dado por Chávez em seus últimos discursos, inclusive em Golpe de Timón, onde argumentou que o caminho a seguir era uma economia socialista e a destruição do Estado burguês.

É isso que os deputados da APR na Assembleia Nacional deverão discutir a partir de agora. Eles devem usar a tribuna parlamentar como alto-falante da voz dos trabalhadores, dos camponeses e dos pobres e de suas lutas. Eles deveriam defender um ousado programa socialista e anti-imperialista e rejeitar a política antioperária de concessões e conciliação com os capitalistas. Desta forma, a APR pode ser construída como uma alternativa revolucionária socialista poderosa. É para isso que os camaradas de Lucha de Clases, seção venezuelana da CMI, têm pressionado.


quarta-feira, 16 de dezembro de 2020

RACISMO E ‘LAWFARE’ NOS ESTADOS UNIDOS

Racism and Lawfare in the United States por Franklin Frederick

‘E a primeira coisa que a estrutura de poder dos EUA não quer é que os negros comecem a pensar internacionalmente.’  Malcolm X

Os EUA, com a cumplicidade das oligarquias locais, usou de   ‘lawfare’ para derrubar os governos de Manuel Zelaya em Honduras em 2009; de Fernando Lugo no Paraguai em 2012 e de Dima Rousseff no Brasil em 2016. O ‘lawfare’ também foi  utilizado pela perseguição política contra Christina Kirchner na Argentina, contra Rafael Correa no Equador e contra Lula no Brasil. O ‘lawfare’ tornou-se assim  o principal instrumento do Império para impedir o avanço das forças progressistas na América Latina. Antes de sua aplicação internacional, porém, o ‘lawfare’ foi amplamente utilizado pelos EUA na opressão e perseguição política de sua própria população negra em  luta por igualdade racial e direitos civis. Deste modo, a origem do ‘lawfare’ está intrínsecamente ligada ao racismo e à manutenção das hierarquias impostas pelo capitalismo. 

O escritor afro-americano Charles Chessnutt, no artigo ‘ Os Tribunais e o Negro’, publicado em 1908, já denunciava:

A função dos tribunais na organização da sociedade moderna é a de proteger os direitos- de mediar as disputas entre o homem e o homem ou entre o indivíduo e o Estado; e depois, pelo seu mandato, de pôr em marcha o braço do executivo para impedir ou punir um erro ou para fazer valer um direito. Obviamente, se este grande poder não for exercido corretamente, se for influenciado por preconceitos ou interesses de classe, não será feita justiça. (…) Em nenhuma parte da história da nossa jurisprudência, este poder dos tribunais foi exercido com mais força do que na questão dos direitos dos negros, e em nenhuma parte foi mais influenciado por preconceitos e interesses de classe’.

Com a libertação dos escravos ao fim da Guerra Civil nos EUA , a oligarquia derrotada dos estados do sul – a Confederação – rapidamente se organizou para impedir que através do voto os afro-americanos pudessem desafiar as hierarquias de poder, utilizando, por um lado, os diversos trinunais e a Suprema Corte – como denunciou Chessnutt na citação acima – em um ‘lawfare’ que


impedisse qualquer avanço na conquista de direitos e igualdade pelos afro-americanos. Por outro lado, as oligarquias também utilizaram amplamente o terror para manter os afro-americanos em permanente opressão e longe das urnas. O paralelo com  a atuação dos EUA na América Latina não poderia ser mais exato: aos linchamentos e à Ku Klux Klan correspondem os diversos esquadrões da morte dos regimes apoiados pelo Império: Somoza na Nicarágua, Pinochet no Chile, Stroessner no Paraguai e as ditaduras militares assassinas na Argentina e no Brasil, entre outros. Nos sul dos EUA ou na América Latina o objetivo é o mesmo: impedir os avanços sociais e qualquer mudança na hierarquia de poder que desafie o sistema capitalista. A estreita ligação entre o racismo e a exploração capitalista era um fato reconhecido nos EUA já no século XIX. Frederick Douglass, nascido escravo  por volta de 1818, autor autodidata que fugiu da escravidão e tornou-se talvez o  mais conhecido norte-americano de seu tempo, era um profundo analista da sociedade do seu tempo e, sem ter conhecido Marx,  escreveu:

Os donos de escravos, com uma astúcia própria, ao encorajar a inimizade entre os pobres, colocando o homem branco contra os negros, conseguem tornar o referido homem branco quase tão escravo quanto o próprio escravo negro. A diferença entre o escravo branco e o escravo negro é a seguinte: o último pertence a UM escravocrata e o primeiro pertence a TODOS os escravocratas, coletivamente. Tiram do escravo branco indiretamente aquilo que tiram diretamente e sem cerimonia do escravo negro. Ambos são saqueados e pelos mesmos saqueadores. O escravo negro é roubado, pelo seu senhor, de todos os seus ganhos além do que é necessário para a sua sobrevivência física; e o homem branco é roubado pelo sistema escravocrata dos justos resultados do seu trabalho, porque é lançado em competição com uma classe de trabalhadores que trabalham sem salário.

Frederick Douglass


Dando prosseguimento, no século XX, a esta análise de Frederick Douglass,  o intelectual afro-americano W.E.B. Du Bois escreveu em ‘Black Reconstruction’:

O trabalho negro tornou-se a pedra angular não só da estrutura social do Sul (dos EUA), mas também da manufactura e comércio do Norte (dos EUA), do sistema de fábricas inglês, do comércio europeu, da compra e venda em escala mundial; novas cidades foram construídas com base nos resultados do trabalho negro e um novo problema, envolvendo todo o trabalho, branco e negro, apareceu tanto na Europa como na América.(…)De facto, a situação da classe trabalhadora branca em todo o mundo é hoje diretamente ligada à escravatura negra na América, na qual se fundou o comércio e a indústria modernos, que persistiram em ameaçar a mão-de-obra livre até ser parcialmente derrubada em 1863. A casta de cor resultante, fundada e retida pelo capitalismo, foi adotada (…)  pelos trabalhadores  brancos, e resultou na subordinação do trabalho dos negros aos lucros dos brancos em todo o mundo.

O capitalismo não teria se desenvolvido sem a escravidão e por isso a luta contra o racismo é fundamentalmente também a luta contra o capitalismo. Não é surpreendente portanto que o ‘lawfare’ esteja  instrinsicamente ligado ao racismo.


Foi nos anos 60 do século XX nos EUA que as lutas das forças progressistas encarnadas nos movimentos afro-americanos pela igualdade racial e direitos civis atingiram o seu clímax. Somente nesse período caíram finalmente  as principais barreiras impostas pelo ‘lawfare’ ao avanço dos direitos civis dos afro-americanos, não sem muita luta e muito sangue derramados. Talvez nenhum outro grupo tenha sido mais atacado pela dupla vertente do poder hierárquico da ordem capitalista – ‘lawfare’  e terror violento – do que o partido ‘Pantera Negra’ – Black Panther Party. E através da história do Pantera Negra pode-se compreender muito melhor a história recente da América Latina e sua relação com o Império.

A mais completa história do Pantera Negra é possivelmente o livro ‘Black Against Empire – The History and Politics of the Black Panther Party’ (‘Negros Contra o Império – A História e a Política do Partido Pantera Negra’ numa tradução literal.) dos autores Joshua Bloom e Waldo E. Martin, Jr. Neste estudo os autores escreveram:

Os Panteras viam as comunidades negras nos Estados Unidos como uma colônia e a polícia como um exército de ocupação. Num ensaio fundador de 1967, Newton ( um dos fundadores do Black Panther) escreveu,'(…) ‘Há uma grande semelhança entre o exército de ocupação no Sudeste Asiático e a ocupação das nossas comunidades pela polícia racista’.”

(…) em 1970, o Partido tinha aberto escritórios em sessenta e oito cidades, de Wisconsin-Salem a Omaha e Seattle. O Partido Pantera Negra tinha-se tornado o centro de um movimento revolucionário nos Estados Unidos.(…)O diretor do FBI, J. Edgar Hoover, declarou, ‘O partido Pantera Negra representa a maior ameaça à segurança interna do país’.(…) O governo federal e as forças policiais locais de toda a nação responderam aos Panteras com uma campanha sem paralelo de repressão e vilipêndio. Eles alimentaram a imprensa com histórias difamatórias. Colocaram escutas telefónicas nos escritórios dos Panteras em todo o país. Contrataram dezenas de informantes para se infiltrarem nos capítulos dos Panteras.(…)Ao atacar os Panteras Negras como inimigos do estado, os agentes federais procuraram reprimir não só o Partido como organização, mas a possibilidade política que este representava’.


Sabe-se hoje muito mais sobre o papel do FBI na campanha contra o Pantera Negra e contra o movimento pelos direitos civis em geral. O livro de Nelson Blackstock ‘ COINTELPRO – The FBI’s Secret War on Political Freedom’ – (

 é a sigla em inglês para Programa de Contra – Inteligência – e o título deste livro em traduçáo livre seria :

Cointelpro – A luta secreta do FBI contra as liberdades políticas) – é uma excelente fonte de informações sobre este tema. Nesta obra o autor afirma:

‘Uma das coisas que transparecem claramente nos documentos do  Cointelpro é que o FBI reservou um ódio especial ao movimento de direitos civis dos negros.’

 Noam Chomsky, que escreveu a introdução ao livro, explica que a função do FBI era de:

‘Bloquear a atividade política legal que se afaste da ortodoxia, confundir a oposição à política estatal, minar o movimento de direitos civis.’

Desta forma, ainda nas palavras de Chomsky, era previsível que ‘os programas de ruptura mais sérios do FBI foram os dirigidos contra os Nacionalistas Negros.(…) Talvez a história mais chocante diga respeito ao assassinato de Fred Hampton e Mark Clark pela polícia de Chicago, dirigido pelo escritório do procurador do estado em dezembro de 1969, em uma batida policial antes do amanhecer em um apartamento de Chicago. Hampton, um dos líderes mais promissores do partido Pantera Negra – particularmente perigoso por causa de sua oposição a atos  ou a retórica violentos e seu sucesso na organização comunitária – foi morto na cama.(…)há agora provas substanciais do envolvimento direto do FBI neste assassinato político ao estilo da gestapo.’

Não é uma coincidência que a operação Lava Jato e o Promotor Deltan Dallagnol no Brasil tenha se aliado justamente ao FBI  em seus esforços para criminalizar o ex-Presidente Lula e o PT. As campanha de difamação e criminalização contra o partido Pantera Negra e contra o PT têm muito em comum.

Um dos principais programas do Pantera Negra era a distribuição de alimentos às comunidades pobres afro-americanas, principalmente às crianças. O partido também distribuia  roupas e organizava cuidados médicos. Alguns dos centros onde o Partido distribuia café da manhã para as crianças sofreram ataques com bombas, tamanha a violência da reação da hierarquia de poder branca e capitalista ao desafio colocado pelos Panteras. Alguns líderes do partido foram assassinados, outros colocados na prisão. Como mencionado, a repressão ao Pantera Negra na dupla vertente ‘lawfare’ e terror violento foi sem precedentes mas não sem paralelos: a repressão do Império aos movimentos sociais e partidos políticos de esquerda na América Latina é semelhante e motivada pelas mesmas razões. A frase fundamental na citação acima expõe com toda a clareza o principal objetivo do Império e de seus cúmplices na América Latina:  ‘ Ao atacar os Panteras Negras – ou  Lula, o PT, Evo Morales, Rafael Correa, Christina Kirchner, Hugo Chávez, Nicolás Maduro – os agentes federais (dos EUA) procuraram reprimir não só o Partido como organização, mas a possibilidade política que este representava.’ 

Ronald Reagan levou adiante a guerra da hierarquia do poder capitalista contra as forças sociais progressistas. Em um outro estudo importante sobre o racismo estrutural nos EUA e sua relação com as políticas de segurança e repressão – Incarcerating the Crisis ( ‘Aprisionando a crise’ em uma traduçâo literal) – o autor Jordan T. Camp escreveu:

O triunfo do Reaganismo marcou a consolidação de um regime racial e de segurança, um regime neoliberal que tomou forma com as operações durante a Guerra Fria contra o movimento de direitos civis. (Reagan) enviou uma mensagem aos brancos de que seus problemas econômicos tinham sido causados por pessoas de cor que ganharam acesso ao salário social durante o movimento de direitos civis. (…) Estas narrativas neoliberais definiram o comportamento dos desempregados e os  programas sociais como as principais fontes de insegurança econômica. (…) A estratégia de Reagan foi de redirecionar os recursos para longe dos investimentos no setor público e para um orçamento ampliado para o Estado neoliberal de segurança carcerária. (…) Com a eleição de Reagan, os  neoliberais conseguiram capturar o poder do Estado e legitimar seu governo de classe através de apelos à segurança. Em seus dois primeiros anos na Casa Branca, Reagan dobrou o orçamento do FBI e aumentou o orçamento do Departamento Federal de Prisões – Federal Bureau of Prisons – em 30%. O discurso de segurança foi empregado como a principal justificativa para a reestruturação da forma do Estado. Muito semelhante à legitimação pelo Estado Americano do aumento de despesas para medidas agressivas de contrainsurgência na América Central e no apartheid da África do Sul nos anos 80. (…) No início dos anos 80, os Estados Unidos prenderam 420.000 pessoas em prisões federais e estaduais. Durante a próxima década, o número de prisioneiros aumentaria mais de 64% em todo o país.(…) A população carcerária cresceu de duzentas mil pessoas no final dos anos 60 para mais de 2,4 milhões de pessoas nos anos 2000. Atualmente (2016), um em cada trinta e cinco, ou 6,9 milhões de adultos nos Estados Unidos, está na cadeia ou em liberdade condicional. O aumento dos gastos com encarceramento ocorreu juntamente com a redução dos gastos com educação pública, transporte, assistência médica e emprego no setor público. A expansão das prisões coincidiu com uma mudança na composição racial dos presos, passando da maioria branca para quase 70% de pessoas de cor. Os desempregados, os subempregados e os pobres negros e latinos  têm sido desproporcionalmente encarcerados. Com a maior taxa de encarceramento do planeta, os Estados Unidos atualmente encarceram os negros em proporções mais altas do que a África do Sul antes do fim do Apartheid. Todos estes números apontam para uma colisão de raça, classe e poder de Estado carceral sem precedentes históricos, mas certamente não sem explicação histórica.”. 


Este redirecionamento do Estado realizado pelo Governo Reagan ainda é o principal objetivo político das oligarquias da América Latina, com forte resistência dos movimentos sociais e partidos de esquerda. As eleições de Hugo Chavez, Lula, Evo Morales, Rafael Correa e  Christina Kirchner foram respostas à tentativa do Império de promover o ‘encarceramento’ da América Latina. 

O neoliberalismo, que nasceu como uma reação política às ‘concessões’ do capitalismo ao ‘welfare state’, acabou tornando-se também  uma reação contra as conquistas civilizatórias dos anos 60 do século XX. Daí o retorno do racismo mais virulento, dos ataques aos direitos obtidos pelas mulheres e pelos homossexuais. A manutenção da hierarquia capitalista em seu estágio neoliberal depende fundalmentalmente da parcela mais reacionária da população. E o neoliberalismo, por outro lado, tenta reproduzir e manter essas forças sociais. 


A citação de Malcolm X que utilizei no início deste texto define o programa político fundamental de nosso tempo: a internacionalização da luta contra o racismo é também a construção da luta internacional contra o capitalismo e suas hierarquias de poder.

Franklin Frederick

AINDA HÁ QUEM SE DIGA PROGRESSISTA INSISTINDO: A CULPA É DO POVO! VENHA PARA O DEBATE!

A CULPA DO POVO (II)

UM DIÁLOGO ÚTIL ACERCA DE ELOCUBRAÇÕES INÚTEIS A RESPEITO DO POVO VOMITADAS POR SUPOSTOS PROGRESSISTAS

Desculpe parecer pretensioso, mas não é possível que certa esquerda suficientemente antenada com o mundo para ocupar as redes sociais, não compreenda ou ignore completamente conceitos como luta de classes, ideologia e alienação.

Não falo da direita bozoasnática. Estou me referindo aos supostos progressistas que vociferam contra o povo após cada revés eleitoral. Quem é, afinal de contas, o “tal povo”? Povo é uma abstração!

A direita fascista e alguma esquerda autoritária sempre romantizaram ou, de acordo com os seus interesses políticos imediatos, vilanizaram o povo.  Existem, isso sim, classes sociais! Burguesia, classe média (que é uma discussão sobre ser ou não uma classe), proletariado e o lumpesinato, aquele grupo social, relatado por Marx, que está abaixo da condição de proletário. E que frequentemente a burguesia arma contra o proletariado organizado. Grupo no qual, ao contrário dos marxistas, os anarquistas enxergavam um potencial revolucionário.

Pois é, o mundo é complexo. E exige leituras atentas tanto dos livros quanto da realidade cotidiana!

Antes de você praguejar novamente contra o tal “povo” – sem especificar a qual classe social você se refere! – que tal imaginar-se morrendo de fome. Sim, fome. Sem comida para você ou sua família. Você acha que o cara morto de fome que vende o voto por um prato de comida é um traidor do “povo”? É necessário garantir a distribuição. Do rango, da tubaína, da cultura e do conhecimento. O tal povo unido frequentemente é vencido por quem possui dinheiro, comida, bala de fuzil, palavra de deus e os meios de comunicação. Por que você acha que a direita é contra programas sociais que melhoram a vida do pobre? Apenas por que a direita é malvada? Sim, ela é! Mas a maldade da classe dominante deve ser enxergada dentro da dinâmica da luta de classes.

Para a burguesia e seus lacaios da classe média fascista, do clero reacionário de todas as denominações teológicas, dos barões do judiciário, da polícia e das forças armadas, é necessário que o faminto continue faminto dependendo do prato de comida no dia da eleição! E da benção do senhor distribuída em suaves prestações. Você não sacou ainda?

Que o pobre coitado que tem na igreja da quebrada, no pastor safado e nos canais de TV monopolizados pelos Datena as únicas referências da realidade? Esse cara merece o nosso asco e nosso desprezo? Você deveria reservar esses sentimentos para o seu primo playboy e para aquele seu tio pequeno comerciante. Mas essa é uma outra discussão.

Não é fácil emergir da miséria mais abjeta e romper com a alienação, enfrentando o desconhecimento do mundo e a ignorância literal (aquele que ignora mesmo!). Líderes como Lula e Marielle aparecem de tempos em tempos. Mas, convenhamos, não brotam do chão ou despencam das árvores. Por isso é necessário para os donos do dinheiro  desmoralizá-los, prendê-los e, no limite, assassiná-los.

Uma parcela dos supostos progressistas avistam o povo, prática análoga á da direita, às vésperas da eleição. A diferença é que a direita, quando visita o povo, se apresenta com comida, dinheiro, ameaças de milícia e bíblia. Enquanto que a esquerda os presenteia com palavras de ordem. Perceberam por que não dá certo? Quer dizer, às vezes dá. Estão aí negros e negras da quebrada, o povo LGBTQUI+ e mulheres de todas as etnias que se elegeram para algumas câmaras municipais. Mas é um jogo desigual. E perigoso para os envolvidos do nosso campo. Só para lembrar: foi o tal “povo” que os elegeu. Não, como diz a mídia vendida, os intelectuais dos Jardins ou da USP.

Pensemos em São Paulo: Mesmo derrotados, onde foram as melhores votações de Tato (no primeiro turno das eleições) e de Guilherme Boulos (no segundo turno)? Foram exatamente nos bairros onde mora o tal “povo” que vocês acusam de alienados, burros e outras bobagens. Aliás, quando Pelé afirmava que o tal “povo” não sabia votar, a esquerda descia o pau no “Rei”. Mas quando o psolista da Bela Vista ou de Pinheiros, ou o petista das Perdizes acusa o povo de burro, ele está “desabafando”, expressando sua revolta... Ou seja, sendo tão reacionário quanto o Pelé! Mas aí com grife, certo? E uma cerveja artesanal.


Mais uma para pensar: em 2022 a esquerda pedirá votos para derrubar o Bozo para quem? Para a elite que votou e patrocinou o Inominável? É claro que não!  A esperança reside exatamente, não no tal povo, essa entidade abstrata, mas nos trabalhadores e naqueles setores mais progressistas da classe média – que são minoria, mas não devem ser ignorados ou subestimados. A elite, como sempre, prefere o tucanato, o Partido Novo/Velho do Amoedo e até mesmo o Inominável, se for para derrotar a esquerda.


Os mecanismos de alienação a serviço da ideologia da burguesia não se manifestam apenas nos processos eleitorais. O povo desorganizado e explorado ao longo dos anos não irá, como por milagre, tomar consciência no dia da eleição. E pouco importam os insultos e o desprezo dos pseudos progressistas, que nesses momentos infames irmanam-se com a direita fascista.

MANIFESTO EM DEFESA DA INTELIGÊNCIA

Itália violará o Tratado sobre a Abolição e Não Proliferação de Armas Nucleares

A Bomba está pronta e, brevemente, entra na Itália

por Manlio Dinucci


Um vídeo, divulgado, em 23 de Novembro, pelos Sandia National Laboratories, mostra um caça F-35A dos EUA que,voando a velocidade supersónica, a uma altitude de 3.000 metros, lança uma bomba nuclear B61-12 (equipada para o ensaio, com uma ogiva não nuclear). A bomba não cai verticalmente, mas está a planar, até que na cauda se acendam os projeteis que lhe imprimem um movimento de rotação e a B61-12 (guiada por um sistema de satélite) dirige-se para o alvo, que atinge 42 segundos após o lançamento.

O teste foi realizado em 25 de Agosto,do corrente, no polígono de Tonopah, no deserto do Nevada. Um comunicado oficial confirma o seu êxito completo: trata-se do ensaio de um verdadeiro ataque nuclear que o caça efetua a velocidade supersónica e em atitude furtiva (com as bombas nucleares  internas) para penetrar nas defesas inimigas.

A B61-12 tem uma ogiva nuclear com quatro opções de potência selecionáveis ​​no momento do lançamento, dependendo do alvo a atingir.  Tem a capacidade de penetrar no subsolo, explodindo em profundidade para destruir os bunkers do centro de comando e outras estruturas subterrâneas.



O programa do Pentágono prevê a construção de cerca de 500 bombas B61-12 para uso nuclear, com um custo estimado de cerca de 10 biliões de dólares (portanto, cada bomba custará o dobro do que custaria se fosse construída inteiramente de ouro). Foi anunciado oficialmente que a produção em série da nova bomba nuclear começará no ano fiscal de 2022, que começa em 1 de Outubro de 2021 (ou seja, dentro de onze meses).

Não se sabe quantas bombas B61-12, a fim de alcançar a Rússia, Irã e China, serão instaladas pelos EUA na Itália, na Alemanha, na Bélgica e na Holanda para substituir as B61 cujo número efetivo é secreto. Fotos de satélite mostram que foram efetuados trabalhos de reestruturação nas bases de Aviano e Ghedi, em preparação para a chegada das novas bombas nucleares, com as quais serão armados os F-35A da US Air Force e, sob comando USA, os da Força Aérea Italiana.

É facilmente previsível, quando os F-35A prontos para um ataque nuclear com a bomba B61-12 forem instalados no seu território, em que situação se encontrará a Itália. Como base avançada da instalação nuclear USA na Europa, dirigida principalmente contra a Rússia, a Itália encontrar-se-á numa situação ainda mais perigosa. Dependerá ainda mais do que antes, das decisões estratégicas tomadas em Washington, que comportam escolhas políticas e economicas que prejudicam soberania e os verdadeiros interesses italianos.

Terá de aumentar a despesa militar da quantia atual de 26 para 36 bilhões de euros por ano, aos quais se adicionarão, de acordo com os planos, mais 60 bilhões atribuídos para fins militares pelo Ministério do Desenvolvimento Economico e retirados (mais juros) do Fundo de Recuperação. A Itália violará ainda mais do que antes, o Tratado de Não Proliferação, ao qual aderiu em 1975, comprometendo-se a “não receber armas nucleares de quem quer que seja, nem controlar essas armas, directa ou indirectamente”.

Rejeitará ainda mais o recente Tratado da ONU sobre a abolição de armas nucleares, que estabelece: “Qualquer Estado Parte que tenha armas nucleares no seu território, pertencentes ou controladas por outro Estado, deve assegurar a rápida remoção dessas armas”.



Para lançar uma pedra nas águas estagnadas de um parlamento que nada diz sobre todo este assunto, a Distinta Deputada Sara Cunial (Grupo Misto) apresentou uma pergunta com resposta escrita ao Primeiro Ministro e aos Ministérios da Defesa e dos Negócios Estrangeiros. Depois de explicados os fatos acima supracitados, a questão passa a ser:

  • “Se o governo pretende respeitar o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares, ratificado pela Itália em 1975;
  • se pretende assinar e ratificar ONU sobre a Abolição das Armas Nucleares, que entra em vigor em 2021;
  • se pretende assegurar, com base no que estabelecem esses tratados, que os Estados Unidos retirem imediatamente qualquer arma nuclear do território italiano e se abstenham de instalar nele as novas bombas B61-12 e outras armas nucleares ”.

Enquanto esperamos ler a resposta do Governo, os Estados Unidos fazem os últimos testes da Bomba, que virão colocar sob os nossos pés.


segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

CHAVISMO VENCE ELEIÇÕES E OEA CLAMA POR GOLPE A LA BOLIVIA




A aliança oficial venezuelana do Grande Pólo Patriótico (GPP), que inclui todas as forças chavistas, lideradas pelo Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) de Nicolás Maduro, venceu as eleições legislativas deste domingo com 67,6 % dos votos , quando 82,35% dos votos foram apurados, conforme reportado segunda-feira pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE).
Na Venezuela, 29.622 assembleias de voto foram instaladas em 14.221 centros de votação, distribuídos em 87 círculos eleitorais em todo o país, e permaneceram ativas até as sete da noite, por decisão do Conselho Nacional Eleitoral, que prorrogou os votos por mais uma hora; Como todos os atores nas eleições cumprimentaram, incluindo a oposição, disse Telesur.

“A aliança formada pelo Grande Pólo Patriótico [Chavista] tem até agora 4 milhões 276 mil 926 votos para 69,43 por cento; 
A aliança formada por Acción Democrática, Copei, Cambiemos, El Cambio e Avanzada Progresista tem 1 milhão 95 mil 170 votos por 17,72 por cento; Venezuela Unida, Primero Venezuela e Voluntad Popular Activistas adicionaram 259 mil 450 votos por 4,15 por cento; o Partido Comunista da Venezuela (PCV), totaliza 168 mil 743 votos por 2,7 por cento. O que representa 30,5 por cento dos eleitores inscritos nos cadernos eleitorais deste processo eleitoral.

Durante o discurso à imprensa após a emissão do seu voto, o dirigente qualificou a gestão da Assembleia Nacional, nas mãos da oposição, como "desastrosa" porque "trouxe a praga das sanções". Após as eleições, o órgão será reconfigurado no dia 5 de janeiro
O chanceler venezuelano, Jorge Arreaza, disse que a democracia de seu país «é a mais examinada do mundo, porém, não há nada a temer», disse, em meio a um dia que transcorreu com tranquilidade, além dos apelos do setor extremista da oposição para não votar. O intelectual argentino Atilio Borón afirmou: «Espero que os governos que se autodenominam “progres”(progressistas) da América Latina reconheçam a legitimidade desta eleição e de seus resultados, e acabem com seus ataques contra a Venezuela, obedecendo aos mandatos de Trump e seus pistoleiros».

OEA TENTA REPETIR O GOLPE BOLIVIANO

O Conselho Permanente da Organização dos Estados Americanos (OEA) aprovou uma resolução rejeitando as recentes eleições parlamentares na Venezuela, que segundo o texto consolidam o país como "uma ditadura".
O governo de Maduro retirou-se da OEA em abril de 2019 e a cadeira do país na organização é ocupada por Gustavo Tarre, nomeado pela maioria da oposição na Assembleia Nacional.

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