quarta-feira, 16 de dezembro de 2020

AINDA HÁ QUEM SE DIGA PROGRESSISTA INSISTINDO: A CULPA É DO POVO! VENHA PARA O DEBATE!

A CULPA DO POVO (II)

UM DIÁLOGO ÚTIL ACERCA DE ELOCUBRAÇÕES INÚTEIS A RESPEITO DO POVO VOMITADAS POR SUPOSTOS PROGRESSISTAS

Desculpe parecer pretensioso, mas não é possível que certa esquerda suficientemente antenada com o mundo para ocupar as redes sociais, não compreenda ou ignore completamente conceitos como luta de classes, ideologia e alienação.

Não falo da direita bozoasnática. Estou me referindo aos supostos progressistas que vociferam contra o povo após cada revés eleitoral. Quem é, afinal de contas, o “tal povo”? Povo é uma abstração!

A direita fascista e alguma esquerda autoritária sempre romantizaram ou, de acordo com os seus interesses políticos imediatos, vilanizaram o povo.  Existem, isso sim, classes sociais! Burguesia, classe média (que é uma discussão sobre ser ou não uma classe), proletariado e o lumpesinato, aquele grupo social, relatado por Marx, que está abaixo da condição de proletário. E que frequentemente a burguesia arma contra o proletariado organizado. Grupo no qual, ao contrário dos marxistas, os anarquistas enxergavam um potencial revolucionário.

Pois é, o mundo é complexo. E exige leituras atentas tanto dos livros quanto da realidade cotidiana!

Antes de você praguejar novamente contra o tal “povo” – sem especificar a qual classe social você se refere! – que tal imaginar-se morrendo de fome. Sim, fome. Sem comida para você ou sua família. Você acha que o cara morto de fome que vende o voto por um prato de comida é um traidor do “povo”? É necessário garantir a distribuição. Do rango, da tubaína, da cultura e do conhecimento. O tal povo unido frequentemente é vencido por quem possui dinheiro, comida, bala de fuzil, palavra de deus e os meios de comunicação. Por que você acha que a direita é contra programas sociais que melhoram a vida do pobre? Apenas por que a direita é malvada? Sim, ela é! Mas a maldade da classe dominante deve ser enxergada dentro da dinâmica da luta de classes.

Para a burguesia e seus lacaios da classe média fascista, do clero reacionário de todas as denominações teológicas, dos barões do judiciário, da polícia e das forças armadas, é necessário que o faminto continue faminto dependendo do prato de comida no dia da eleição! E da benção do senhor distribuída em suaves prestações. Você não sacou ainda?

Que o pobre coitado que tem na igreja da quebrada, no pastor safado e nos canais de TV monopolizados pelos Datena as únicas referências da realidade? Esse cara merece o nosso asco e nosso desprezo? Você deveria reservar esses sentimentos para o seu primo playboy e para aquele seu tio pequeno comerciante. Mas essa é uma outra discussão.

Não é fácil emergir da miséria mais abjeta e romper com a alienação, enfrentando o desconhecimento do mundo e a ignorância literal (aquele que ignora mesmo!). Líderes como Lula e Marielle aparecem de tempos em tempos. Mas, convenhamos, não brotam do chão ou despencam das árvores. Por isso é necessário para os donos do dinheiro  desmoralizá-los, prendê-los e, no limite, assassiná-los.

Uma parcela dos supostos progressistas avistam o povo, prática análoga á da direita, às vésperas da eleição. A diferença é que a direita, quando visita o povo, se apresenta com comida, dinheiro, ameaças de milícia e bíblia. Enquanto que a esquerda os presenteia com palavras de ordem. Perceberam por que não dá certo? Quer dizer, às vezes dá. Estão aí negros e negras da quebrada, o povo LGBTQUI+ e mulheres de todas as etnias que se elegeram para algumas câmaras municipais. Mas é um jogo desigual. E perigoso para os envolvidos do nosso campo. Só para lembrar: foi o tal “povo” que os elegeu. Não, como diz a mídia vendida, os intelectuais dos Jardins ou da USP.

Pensemos em São Paulo: Mesmo derrotados, onde foram as melhores votações de Tato (no primeiro turno das eleições) e de Guilherme Boulos (no segundo turno)? Foram exatamente nos bairros onde mora o tal “povo” que vocês acusam de alienados, burros e outras bobagens. Aliás, quando Pelé afirmava que o tal “povo” não sabia votar, a esquerda descia o pau no “Rei”. Mas quando o psolista da Bela Vista ou de Pinheiros, ou o petista das Perdizes acusa o povo de burro, ele está “desabafando”, expressando sua revolta... Ou seja, sendo tão reacionário quanto o Pelé! Mas aí com grife, certo? E uma cerveja artesanal.


Mais uma para pensar: em 2022 a esquerda pedirá votos para derrubar o Bozo para quem? Para a elite que votou e patrocinou o Inominável? É claro que não!  A esperança reside exatamente, não no tal povo, essa entidade abstrata, mas nos trabalhadores e naqueles setores mais progressistas da classe média – que são minoria, mas não devem ser ignorados ou subestimados. A elite, como sempre, prefere o tucanato, o Partido Novo/Velho do Amoedo e até mesmo o Inominável, se for para derrotar a esquerda.


Os mecanismos de alienação a serviço da ideologia da burguesia não se manifestam apenas nos processos eleitorais. O povo desorganizado e explorado ao longo dos anos não irá, como por milagre, tomar consciência no dia da eleição. E pouco importam os insultos e o desprezo dos pseudos progressistas, que nesses momentos infames irmanam-se com a direita fascista.

MANIFESTO EM DEFESA DA INTELIGÊNCIA

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