A polêmica eclodiu no domingo, quando o gabinete de Milei emitiu um comunicado alegando que as informações sobre a tentativa de golpe na Bolívia foram “confirmadas” como “fraudulentas”. O comunicado foi disseminado por vários representantes da extrema direita em todo o mundo.
Em resposta, o Ministério das Relações Exteriores da Bolívia divulgou um comunicado condenando os comentários de 30 de junho feitos pelo gabinete do presidente argentino sobre a tentativa fracassada de golpe militar ocorrida em 26 de junho de 2024.
“O Ministério das Relações Exteriores da Bolívia rejeita veementemente as declarações hostis e imprudentes feitas pelo gabinete do presidente argentino em seu comunicado de 30 de junho, feito em referência à fracassada tentativa de golpe militar ocorrida em 26 de junho de 2024”, afirmou o ministério.
O ministério enfatizou que qualquer ação militar envolvendo tanques e soldados contra o governo eleito “é claramente um golpe de estado”. Lamentou ainda que os interesses políticos, que anteriormente estiveram em jogo durante o escândalo eleitoral de 2019 na Bolívia, estivessem mais uma vez ameaçando a estabilidade do país.
O ministério faz referência aos resultados de uma investigação de La Paz, na qual a Bolívia acusa a Argentina de enviar armas ao país para reprimir protestos durante a presidência de Jeanine Anez. Anez foi detido em março de 2021 e está em prisão preventiva desde então, em meio a acusações de genocídio, entre outros crimes.
Os militares bolivianos, liderados pelo ex-comandante-em-chefe general Juan José Zuniga, reuniram-se em 26 de junho na praça central da capital administrativa da Bolívia, La Paz, e tentaram invadir o palácio presidencial.
Vídeos partilhados nas redes sociais mostraram soldados fortemente armados e veículos blindados reunidos na Plaza Murillo, em La Paz, onde estão situados os principais edifícios governamentais.
O Presidente Arce denunciou os acontecimentos como uma tentativa de golpe de Estado e enfatizou a necessidade de defender os princípios democráticos. Em resposta à crise, Arce nomeou novos chefes das Forças Armadas, da Força Aérea e da Marinha, após a tentativa de aquisição liderada por Zuniga.
O povo da Bolívia também saiu às ruas para protestar contra a tentativa de golpe.
O Presidente Arce denunciou a "mobilização não autorizada" de unidades militares e apelou ao respeito pelos processos democráticos enquanto os soldados se reuniam em frente à residência presidencial na capital do país.
Até Anez, que foi mencionado nas exigências dos militares para a libertação de presos políticos, também condenou a tentativa de golpe.
“Condeno a mobilização dos militares na Praça Murillo, que pretendem destruir a ordem constitucional. [O movimento político] MAS [liderado pelo presidente boliviano Luis] Arce e [o ex-presidente Evo] Morales deveriam deixar [o poder] através de uma votação em 2025. Nós, bolivianos, defenderemos a democracia", disse Anez no X.
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