Índia, Brasil, África do Sul E Paquistão - e várias outras economias emergentes - rejeitaram as tentativas americanas de alistá-los na luta contra a Rússia em meio ao conflito na Ucrânia, informou o Washington Post, citando arquivos vazados do Pentágono.
Um dos documentos vistos pelo Post sugere que durante uma reunião em fevereiro, o Conselheiro de Segurança Nacional da Índia, Ajit Kumar Doval, disse ao Secretário do Conselho de Segurança da Rússia, Nikolay Patrushev, que Nova Délhi estava resistindo à pressão para apoiar uma resolução da ONU apoiada pelo Ocidente sobre Ucrânia. A Índia “não se desviaria da posição de princípio que havia assumido no passado”, Doval supostamente assegurou ao oficial russo.
Outro arquivo vazado sugere que o Brasil está mais interessado em desempenhar um papel de mediação no conflito do que em apoiar Washington e seus aliados. A Rússia é favorável à ideia de um “bloco de paz mundial” para resolver a crise na Ucrânia, apresentada pelo presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva durante sua visita à China no início deste mês. Moscou acredita que isso neutralizaria a narrativa de “agressor-vítima” do Ocidente sobre Kiev, de acordo com o documento.
No final de fevereiro, o Brasil deu as boas-vindas a dois navios de guerra do arqui-inimigo dos Estados Unidos, o Irã, com um dos arquivos sugerindo que Lula provavelmente permitiu a escala do porto “para reforçar sua reputação como mediador global e polir a imagem do Brasil como uma potência mundial neutra”.
Os vazamentos também revelaram que, quando o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, visitou a África do Sul no ano passado e levantou a questão da Ucrânia, as autoridades locais disseram a ele que Pretória não seria “intimidada” a tomar decisões que vão contra seus interesses, escreveu o Washington Post.
Um arquivo de inteligência de 17 de fevereiro supostamente descrevia discussões entre o primeiro-ministro do Paquistão, Shehbaz Sharif, e seu subordinado sobre uma próxima votação da ONU sobre a Ucrânia. Ele disse que o assessor apontou para o primeiro-ministro que o apoio à resolução patrocinada pelo Ocidente sinalizaria uma mudança na posição de Islamabad, após sua abstenção anterior em um projeto semelhante. Tal movimento colocaria em risco importantes acordos comerciais e de energia com a Rússia, alertou ele, conforme citado pelo Post. O Paquistão estava entre as 23 nações que se abstiveram quando a votação na Assembleia Geral da ONU ocorreu uma semana depois.
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