Esclareço de antemão que não proponho aqui nenhum relaxamento e nem um já ganhou por parte da campanha Lulista. Quando digo que a eleição esta liquidada é que já esta conceitualmente definida e esta definição favorece Lula, considerando-se um panorama de jogo limpo para os padrões de Campanhas antes de 2018.
O que significa conceitualmente definida?
Significa que o que permeia os debates é o antipetismo versus o antibolsonarismo. Essa é uma eleição definida pelo contra e por isso ela se tornou plebiscitária. Para melhor entendimento temos como bons exemplos as vitórias de FHC, em 1994 e 1998, naqueles que foram verdadeiros plebiscitos sobre o Plano Real. Na cabeça do eleitor, todo o conteúdo sobre propostas ou criticas estava sopesado pela posição a favor ou contra o Plano Real. Esse processo de sim ou não daquelas épocas, favoreceu a solução em primeiro turno, tal como se abriu essa mesma possibilidade atualmente. No caso atual, o sim ou não se traduz pela posição restrita a duas opções; se não é contra Lula é a favor de Bolsonaro e vice versa.
O eleitor reconhece Bolsonaro como a encarnação do antipetista e assim também acontece com um grupo relevante que se incorporou aos tradicionais eleitores de Lula por reconhece-lo como a força antibolsonarista nessa eleição.
Aceitando essa tese, podemos concluir que o antibolsonarismo atualmente é proporcionalmente maior ou pelo menos igual ao antipetismo e essa conclusão nos permite também explicar os dados das pesquisas, bem como indicar possíveis resultados dessa contenda.
A verdade é que a queda ou melhor, a oscilação negativa nos números auditados para Lula pode ser compreendida mais adequadamente pelo fator: antibolsonarismo. Este posionamento esta indiretamente incorporado nos discursos e nas propagandas da terceira via. E se compreende melhor esse quadro, observando que a maior capitalização de pontos se deu mais especificamente para as campanhas de Ciro Gomes e Simone Tebet. Visto que o candidato do Novo e a ex-bolsonarista - Soraya Thonike - não possuem o perfil para capitanear um confronto com Bolosnaro, o movimento nas pesquisas pode ser creditado aos antibolsonaristas que, com o conhecimento proporcionado pela propaganda eleitoral, assumiram Tebet ou Ciro Gomes como personagens mais contundentes do que Lula nos ataques contra Bolsonaro.
O mesmo não se passou com Bolsonaro. O presidente permaneceu estável por pior que tenha se apresentado no debate e por mais ataques que tenha sofrido na propaganda eleitoral. Ocorre que Bolsonaro sequestrou o antipetismo. Ou seja, se Tebet e Ciro são reconhecidos como antibolsonaristas e por isso conseguem votos entre eleitores de Lula, não realizaram o sonho impossível de, ao mesmo tempo, se tornarem ícones do antipetismo. Essa é uma eleição antipt contra antibolsonaro e a ambígua estratégia da terceira via de ocupar dois lugares simultaneamente já era um fracasso cientificamente comprovado pela física.
Então, explica-se assim o fracasso da terceira pela anulação de qualquer outro discurso que não seja Anti Bolsonaro ou contra o PT. É importante ressaltar a conjunção "OU" para compreender o erro estratégico da terceira via que, desde sempre jogou e ainda joga com a bola do "E", uma impossibilidade na natureza e também, cada mais evidente, nessa campanha.
Por fim, resta pensar sobre o futuro próximo nessa curtíssima corrida eleitoral.
Tenho como certo, que a terceira via não decola e Bolsonaro já atingiu seu teto. Pouca coisa irá se alterar até a apuração final e a possibilidade de vitória de Lula no primeiro turno ainda é um elemento a ser considerado como perspectiva possível.
Tebet e Ciro não dispõem de tempo para dar um cavalo de pau em suas campanhas, abandonando a estratégia do "Nem Lula E nem Bolsonaro", para serem reconhecidos integralmente como antibolsonaristas. E mais ainda dificulta a missão dessa suposta terceira via contra o governo de plantão, o fato de que, ao contrário, Lula será assim caracterizado pelo próprio Bolsonaro. A campanha bolsonarista já conseguiu reunir praticamente todos os antipetistas ao seu lado, por isso Bolsonaro está fadado a perder a eleição sem alterar uma virgula no discurso contra Lula e o PT que lhe concedeu a vitória em 2018. Ele esta garroteado a esse palanque, na medida em que é o monopólio do antipetismo que mantem seus níveis de preferencia em torno de 30%, 35%.
Então, o atual presidente chegou ao teto simplesmente porque do outro lado se encontra Lulistas e antibolsonaristas, impossíveis de conquistar. No ultimo caso, por razões óbvias - antibolsonarismo- e no primeiro, em face do pouco tempo que poderia dispensar para discursos estranhos ao antipetismo.
Bem, se assim o é? Vamos para a praia e deixemos a coisa rolar, certo?
Calma! É como eu alertei no inicio...
Primeiro; as eleições não serão limpas. Por outro lado, o antibolsonarismo, assim como vem se demonstrando com um antipetismo declinante, não é ódio inscrito em rocha, é linha machista de rixa infantil tracejada na areia da praia, que mais dia menos dia a onda apaga.
A esquerda não tem um aparato que, por anos, consiga realimentar o espírito antibolsonarista que esta imperando nessas eleições. Portanto, principalmente no segundo turno, toda energia das estruturas da elite será dispendida para arrefecer o antibolsonarismo e reacender o antipetismo lidando exatamente com os elementos que são decisórios nessa eleição.
Então, tenha como certo que a luta continua!
Por: Douglas N. Puodzius
RECOMEDAÇÃO DO SBP
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