domingo, 29 de novembro de 2020

O POVO PRETO: AVANÇOS E RECUOS

Reflexão sobre os resultados eleitorais
por Benedito Carlos dos Santos


Não tenho dúvidas de que a derrota de Boulos é também uma derrota para o povo preto de São Paulo. Afinal, não é a toa que aquilo que havia de mais avançado, dinâmico e mobilizado do povo preto apoiou e votou em Boulos.

Agora, quando as últimas urnas são apuradas e o mês da consciência negra se encerra, a realidade do país é o da dureza de sempre para pretos e pobres: educação precária, saúde doente, transporte público ruim e uma prefeitura conivente com a insegurança pública do estado, que insiste em perseguir e matar aqueles que constroem hoje e construíram ontem a riqueza do país com o seu trabalho. E descaso com as vítimas da Covid, é claro. Que são em sua maioria pobres, pretos e periféricos.

Não sou um otimista delirante, tampouco um pessimista melancólico. Perdemos, mas estamos na luta. Elegemos nos legislativos companheiros valorosos. Pretos e brancos. Afinal, são os racistas e não os pretos conscientes os que querem dividir os pobres em linhas étnicas e efetivamente os dividem. 
As periferias, rurais ou urbanas no Brasil, ou grande parte delas, ainda estão nas mãos do inimigo. Eles possuem igrejas, ONGS e, principalmente, dinheiro para comprar os miseráveis e os mortos de fome. Ou ameaça-los com milícias formadas por bandidos armados. Às vezes uniformizados. Ninguém disse que seria fácil!

Não adianta, como já li em algumas postagens nas redes sociais, demonizar o povo, acusando-o de alienado e despolitizado. E também é uma perda de tempo santificá-lo. O “povo”, seja lá o que isso queira dizer, já elegeu Lula e Dilma duas vezes. Mas se todo o tal “povo” tivesse uma consciência política automática, se já nascesse com ela, não haveria necessidade dos partidos e dos movimentos sociais.

Muitos dirigentes de esquerda julgaram que a luta era apenas pelo poder político e esqueceram velhos ensinamentos da esquerda como os conceitos de hegemonia e, principalmente, a boa e velha luta de classes. Não há vingança mais terrível do que a vingança da História, diria o velho bolchevique!

E antes que apareçam alguns dinossauros esquerdistas reclamando das tais “pautas identitárias”, lembremos que os pretos, as mulheres pretas e brancas periféricas e o povo LGBTQI+ foi quem não deixou a peteca cair nesses dois anos bozoníticos, sempre na luta contra a barbárie bozoasnática reinante. Não tenho dúvida de que a resistência virá daí, mas não só.

Eu poderia dizer que tenho um sonho. É um sonho difícil, mas não impossível. Em alguns lugares do país começou a virar realidade. De que num futuro bem próximo, pretos, mulheres, gays e lésbicas, trabalhadores pobres em geral, enfim, juntamente com os partidos verdadeiramente progressistas, ganhem as periferias, as cidades e o país. Que os racistas, os machistas, os homofóbicos e seus lacaios milicianos sejam varridos para o esgoto de onde nunca deveriam ter saído. Que eles, e não nós vivam consumidos pelo medo e pela angústia, às voltas com seus delírios, seus ódios e suas frustrações sexuais.

Não estamos ainda todos juntos. Mas sonho com o dia em que estaremos.

VIVA O MÊS DA CONSCIÊNCIA NEGRA! Viva o povo preto! 

Fascistas, racistas, não passarão!


Zumbi Vive!

Marighella Vive!

Marielle Vive!

#justiçaparabetofreitas

#forazbozofascista





BENEDITO CARLOS DOS SANTOS
Professor de historia e militante das boas causas que interessam a civilização


OUÇA A HISTÓRIA DO MOVIMENTO NEGRO
Palestra ministra pelo Prof. Bene para os alunos da faculdade do Hospital Albert Eistein

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