segunda-feira, 22 de agosto de 2022

EU E SUPLA FOREVER - A CAMPANHA DO AMOR CONTRA ÓDIO


Bem antes de iniciarem as eleições de 2018 me reuni com um grupo para discutir como deveria ser levada uma Campanha. Depois de algum tempo resolvi registrar os acontecimentos no texto que apresento na sequencia. Esse artigo voltou a minha mente agora, em Agosto de 2022, assistindo a performance de Eduardo Suplicy no lançamento da Campanha de Douglas Izzo em Itaquaquecetuba.
O nosso amado Supla, que muitos tratam com certo desdém e outros tentam até ridicularizar esse seu jeito, seu modo espontâneo e sem preconceitos de se expressar com amor, é na verdade, um grande mestre do que deveríamos buscar como protótipo de civilização. Ele nos estapeia com suas luvas pelica aveludadas chamando atenção para a maneira que agimos diante do ódio e do amor. Em geral damos muita atenção ao ódio e ao amor nem mesmo dispensamos a desatenção, queremos esconder, ridicularizar ou fazer menos daquele que o admite com a mesma intensidade de outros com seu ódio, sempre levados em serio. O amor é tabu. Proibido de ser expresso em publico e até mesmo em privado corre o risco de ser rotulado como piegas, desmedido ou ingênuo.  
"Somos imbatíveis quando não temos
vergonha de expressar nosso amor".
Amor como elemento de Campanha Politica

Campanha é uma atividade muito pratica. Aliás, a ideia de que Campanha é primordialmente um evento racional, planejado, estudado, quantificado e contabilizado é um erro amador, que sempre resultou em derrotas e só fez elevar os custos de cada pleito para a estratosfera.


Contudo, atualmente é assim...

É um erro comum, cometido desde sempre, que tem origem numa crença dogmática disseminada entre os candidatos da direita, mas que ao longo do tempo se impregnou na esquerda. A cada embate eleitoral a esquerda foi se iludindo, imaginando que o jogo jogado numa eleição se resumia na capacidade monetária e na administração competente dos recursos por parte dos concorrentes, sendo tudo mais apenas acessório.

Foi dessa maneira que a ilusão se transformou em realidade, visto que, agora, todos acreditam nessa verdade inconteste e concorrem da mesma forma, protagonizando uma eleição medíocre e se achando os gênios da lampada quando vencem o pleito, que não passa de uma disputa entre ingênuos.

Claro não foi sempre assim. Houve esse tempo de curto período, quando a direita entrava em campo mercadizando a politica e a esquerda gastava a sola do sapato que não tinha. Ora! E qual o segredo de termos avançado contra os ditadores e o mercado?

O fato é que avançamos com menos dinheiro, sem midia e nem instituiçõese o segredo parece que continuou envolto em mistérios, pois, na mesma medida em que ganhávamos terreno, íamos adotando o modelo financista. E assim também perdíamos o contato com o que de real é a politica e cada vez mais deixávamos de lado o que de fato importa numa campanha: O encantamento.

Eu estudei e trabalhei com marketing a vida toda. Sempre que estive ao lado dos marqueteiros nas campanhas, já alertava os políticos sobre a perda da centralidade da politica nesse processo. Mas, era comodo para os candidatos e lucrativo para os executivos da propaganda. Então, restava-me acompanhar a mediocrização de uma atividade tão importante para a sociedade, sem forças para deter o movimento celerado rumo ao abismo.

Acontece que nenhum dos marqueteiros tinha qualquer experiencia para além do briefing, raf ou broadside sobre a mesa de reunião criativa de seus escritórios. E digo sem medo de errar, que nenhum desses papas, que hoje são venerados como gênios, sabia nada da politica verdadeira. Então, nesse acordo do comodismo com a oportunidade de fazer grana, permitiu-se que eles inventassem essa coisa que temos atualmente. Eles foram transformando candidato em produto, proposta em slogan e militante em funcionário, ou melhor, em colaborador.

Foi assim que definitivamente o jogo foi para as mãos deles e a eleição virou apenas mais um projeto mercadológico.

Embora seja este o quadro atual, vale chamar a atenção de que, por mais que se tenham aviltado uma campanha, é impossível tocar em sua essência. Uma campanha politica é essencialmente POLITICA. É uma relação humana. É tocar pessoas, engajá-las num projeto.


Bem, se assim o é, fica a questão: Qual o motivo de haver campanhas mais competentes atualmente, já que nenhuma delas se faz sem as boas recomendações do vade mecum estabelecido pelo mercado eleitoral?

É verdade! Tudo já está planilhado de antemão e nenhuma surpresa aguarda o candidato além das contas no final do processo. Porém, se fosse possível medir o elemento que fundamentalmente deveria ser almejado numa campanha, certamente, concluiríamos que são aquelas de menor poder financeiro e provavelmente aquelas com menor número de votos que definitivamente encantaram mais eleitores, conscientizaram mais pessoas e colaboraram verdadeiramente com o processo civilizatório da humanidade. Não tenham duvidas sobre isso.

Então, lá naquela reunião comecei a falar sobre Amor. Era certo para mim que a Campanha deveria ser permeada pelo amor. Eu tinha certeza que mais do que qualquer outra necessidade, naquela época, o ser humano precisa conectar-se novamente com sua própria humanidade e amar perdidamente tudo em sua vida. Cada coisa tinha que ganhar importância vital: A família, os amigos, as pessoas, o trabalho, a casa, os animais, o meio ambiente, a liberdade, a igualdade, o bairro, o país... todo o mundo. Esse era enfim, o cerne da mensagem. Alguém que acreditasse nessa proposta seria um guerrilheiro defendendo um ideal. Seria mais um encantado pronto a cerrar fileiras com todos aqueles que desejam fazer a sociedade muito melhor.

Claro, não esperava dos participantes daquele encontro outra reação que não aquela, tão rotineira, tão comum aos ouvintes de qualquer lugar, quando alguém fala sobre Amor. A cara de desdém com o ingênuo, mal amado, que nada entende do babado. Aqui são apenas negócios, cara!

Os espertos, especialistas em campanha politica, têm bem claro que Campanha é proposta simples e objetiva. Tem que ser concreta, palpável. E, nessa seara, não cabe essa baboseira de amor.

Bem, a verdade é que tudo rolou como sempre rolou nos últimos trinta anos de minha vida como participante ativo desse negocio. E claro, colaborei com minha experiência para não viver apenas mais outra Campanha tão vazia quanto todas.

No entanto, como eu disse: Campanha é para encantar pessoas. Provavelmente, enquanto eu estava naquela mesa propondo uma campanha centrada no amor, em outra mesa alguém esboçava uma bela campanha mercadológica toda com base no ódio. Um gênio, diriam hoje.

Vida que segue. A luta continua!
RECOMENDAÇÃO DO SBP

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