Investir adotando critérios ESG significa avaliar até que ponto uma empresa opera em benefício de objetivos sociais que estão para além dos lucros dos seus acionistas ou se trata de verborragia capitalista para manter a devastação do planeta em alta? No contexto proposto, o E (environment) remete para critérios ambientais, onde temos a sustentabilidade (ex “impacto”) ambiental e, sobretudo, a emergência (ex “crise”) resultante das alterações climáticas (ex “aquecimento global”); o S (social) remete para critérios sociais como por exemplo a diversidade de género (ex “sexo”) nas contratações; e o G (governance) remete para critérios como igualdade (ex “justiça social”) no pagamento entre todos (ex “dois sexos”) os géneros existentes.
Por: Alexandre Mota no Observador
A pretexto da sinalização da virtude nos investimentos, o movimento ESG tem ou terá as seguintes consequências: enriquecer fundos, auditores e consultores com departamentos “verdes”; aumentar a presença dos estados e dos reguladores nas decisões livres das empresas, o que descoordena a alocação de recursos; reforçar a actual tendência de organização económica e social do tipo corporativa/fascista, na qual as decisões de investimento estão cada vez mais condicionadas por valores morais ditados de cima para baixo. Os valores em causa são, evidentemente, os valores do novo progressismo Woke, disfarçados, ou às vezes nem isso, de causas supostamente universais.
O que é o ESG (de facto)?
Poderia argumentar-se que não há nenhum problema em ter critérios ESG para efeitos de investimento, o que seria, à primeira vista, inteiramente verdade. Idealmente, cada investidor é livre de ter os critérios que bem entende, e sem dúvida que uma empresa que pisa o risco em matéria de poluição, ou que tem uma política remuneratória inadequada, ou que regista conflitos de interesses significativos nos órgãos de administração deveria ser penalizada pelos investidores em matéria de decisões de investimento, designadamente através da exigência de um prémio de risco superior (cotações mais baixas) para investir. Todavia, é o mercado que naturalmente pondera e mede essas questões, procurando quantificá-las de forma a calcular iterativamente e continuamente o valor da empresa. Por sua vez, a versão oficial do ESG oferece algo completamente diferente, isto é, apresenta-nos uma interpretação dos governos, sempre em nome do suposto bem comum, sobre este conjunto de temas, transformando-os em algo obrigatório num formato centralmente definido. Em suma, o acto de investimento para ganhar dinheiro transmuta-se num acto político supostamente virtuoso.
Hoje em dia, praticamente não há empresa com alguma dimensão que não tenha na sua missão palavras como “diversidade”, “stakeholders”, “inclusão” e, claro está, “sustentabilidade”, numa profusão de “lero lero” que, na maioria das vezes, não passa de conversa fiada para entreter o mercado e as autoridades. Porventura, a generalização é injusta porque haverá muitas excepções. No entanto, a partir da altura em que a moral ESG passou a ter força de lei (e ainda estamos longe do fim desta espiral obsessiva) é natural que as depuradas missões resultem muito mais de um esforço de sinalização de virtude do que de uma sincera declaração de vontades e propósitos.
Quem estiver familiarizado com as guerras culturais facilmente perceberá que dentro da Hidra monstruosa que é a praga Woke, o movimento ESG apresenta-se como um dos seus braços financeiros.
Trata-se, de facto, de um grande esquema com ligações complexas e mutuamente vantajosas entre os seus principais protagonistas. A pretexto da sinalização da virtude nos investimentos, o movimento ESG tem ou terá as seguintes consequências: enriquecer fundos, auditores e consultores com departamentos “verdes”; aumentar a presença dos estados e dos reguladores nas decisões livres das empresas, o que descoordena a alocação de recursos; reforçar a actual tendência de organização económica e social do tipo corporativa/fascista, na qual as decisões de investimento estão cada vez mais condicionadas por valores morais ditados de cima para baixo. Os valores em causa são, evidentemente, os valores do novo progressismo Woke, disfarçados, ou às vezes nem isso, de causas supostamente universais.
Funciona assim:
* Woke ( /ˈwoʊk/), como um termo político de origem afro-americana, refere-se a uma percepção e consciência das questões relativas à justiça social e racial.[1] O termo deriva da expressão do inglês vernáculo afro-americano "stay woke" (em português: continue acordado ou desperto), cujo aspecto gramatical se refere a uma consciência contínua dessas questões.
RECOMENDAÇÃO DO SBP
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