João Francisco Daniel diz que não teve a intenção de ofender a honra ou imputar crimes ao autor José Dirceu de Oliveira e Silva
Irmão de Celso Daniel se retrata de acusações contra Dirceu
José Dirceu abriu mão de indenização em dinheiro ao levar em consideração a precária situação financeira do condenado pelas mentiras.
O ex-deputado José Dirceu obteve uma importante vitória nos tribunais, numa terça-feira em 25/7/06. João Francisco Daniel, irmão de Celso Daniel, o prefeito assassinado de Santo André, retratou-se das afirmações em que acusava o ex-deputado de receber recursos recolhidos em Santo André para o PT através de um esquema de propinas cobradas de empresas de ônibus.
Por conta desta afirmação, Dirceu moveu ação de indenização por danos morais contra o João Francisco. A retratação deu-se em audiência de Conciliação promovida pela juíza da 8ª Vara Cível de Santo André, Ana Cristina Ramos.
No acordo João Francisco deixa expresso que não teve a intenção de ofender a honra ou imputar crime a José Dirceu e esclarece que suas declarações visavam apenas a esclarecer a morte de Celso Daniel, seu irmão. Com isso, ambos dão por extinta a ação de danos morais movida por Dirceu.
Em abril de 2004, em uma entrevista, João Francisco acusou Dirceu de ter recebido R$ 1,2 milhão em contribuições ilegais de empresas de ônibus de Santo André. Na época, Dirceu negou as acusações e disse que pretendia buscar “reparação moral e civil” contra aqueles que atingissem sua imagem. Dirceu afirmou, ainda, que eram “infundadas e caluniosas” as acusações de João Francisco.
João Francisco disse ter ouvido do ex-secretário de Santo André, Gilberto Carvalho, e de Miriam Belchior, ex-mulher de Celso Daniel, que Dirceu recebia dinheiro de empresas contratadas pela administração municipal para a campanha eleitoral petista. Carvalho e Miriam também negaram as denúncias.
Leia a íntegra do acordo
Juízo de Direito da 8ª Vara Cível
Audiência de Conciliação, Instrução e Julgamento
Ação: Indenização por Danos Morais
Processo n° 808/2004
Autor(es): José Dirceu de Oliveira e Silva
Réu(s): João Francisco Daniel
No dia 25 de julho de 2006, nesta cidade e Comarca de Santo André, Estado de São Paulo, Edifício do Fórum e sala de audiências, onde presente se encontrava a Exma. Sra. Dra. Ana Cristina Ramos, MM. Juíza de Direito Titular da 8ª Vara Cível, comigo, escrevente ao final assinada, realizou-se a audiência supra nos autos e entre as partes acima mencionadas. Feito o pregão, compareceram: os advogados do autor, Drs. Paulo Guilherme de Mendonça Lopes e Ricardo Tosto de Oliveira Carvalho; o requerido acompanhado de seus advogados, Drs. Francisco Neves Coelho e Leonor Azevedo Alves Coelho; ausente o autor. Iniciados os trabalhos, proposta a conciliação pela MM. Juíza, a mesma restou frutífera nos seguintes termos:
1- As partes, nesta oportunidade, resolveram por fim à demanda, deixando expresso que o réu João Francisco Daniel não teve a intenção de ofender a honra ou imputar crimes ao autor José Dirceu de Oliveira e Silva. O réu apenas desejava que fosse esclarecida a morte de seu irmão Celso Daniel. Nesses termos, pedem a extinção do processo, sem julgamento do mérito e “sem vencidos ou vencedores”.
2- Cada parte arcará com os honorários de seus patronos e com as custas já dispendidas. A seguir, pela MM. Juíza foi dito que proferia a seguinte sentença: Vistos. Homologo, por sentença, para que produza os seus jurídicos e legais efeitos, o acordo havido entre as partes. Em consequência, julgo extinto o feito n° 808/2004, com fundamento no artigo 269, III do Código de Processo Civil. Oportunamente, arquivem-se os autos, anotando-se. Publica em audiência, saem os presentes cientes e intimados. Registre-se. Nada mais. Lido e achado conforme vai devidamente assinado. Eu, (Adriana Maria Sudahia), Escrevente, digitei e subscrevi.
MM. Juíza:
“Caso Celso Daniel está concluído e foi um crime comum”, diz autor de livro sobre o assunto
Eduardo Correia, que estudou anos sobre o caso, desmente tese bolsonarista e elogia série da Globoplay: “a gente pode considerar como um bom jornalismo”
Caso Celso Daniel: O jornalismo investigativo em crise
Leia mais aqui
“[O propósito deste livro] é entender como se forma o imaginário coletivo de um acontecimento, tornado escândalo político-midiático, formado a partir de intensa cobertura da imprensa, com idas e vindas, ditos, desditos e contraditos, forjado sob uma narrativa de certo modo arquetípica a conduzir a trama. […] percorre um trajeto que começa alguns séculos antes do crime do prefeito [Celso Daniel, de Santo André, SP] e termina alguns anos depois.
Tenta traçar uma arqueologia da narrativa tanto do jornalismo quanto da literatura modernos, a forma como se hibridizaram em seus modos de contar estórias e dar as pistas para o que pensamos sobre a morte de um personagem político. E mais, também procura mostrar como funciona o jornalismo, principalmente o que se pretende investigativo, e suas engrenagens, nem sempre bem azeitadas, na cobertura de acontecimentos complexos e polêmicos. […] traz um vasto panorama dos episódios da trama, contados pela imprensa, o qual, acreditamos, vai fornecer as pistas necessárias para que o leitor tire suas conclusões. E, mais que isso, tenha elementos para compreender como um fenômeno social torna-se um enigma, um ponto misterioso na imaginação das pessoas a partir da construção de sua história pela mídia. Uma História do presente, do imediato, portanto, instável e inconclusa. Tão aberta que permite as mais variadas interpretações.”[Trecho da Apresentação]
Tenta traçar uma arqueologia da narrativa tanto do jornalismo quanto da literatura modernos, a forma como se hibridizaram em seus modos de contar estórias e dar as pistas para o que pensamos sobre a morte de um personagem político.
E mais, também procura mostrar como funciona o jornalismo, principalmente o que se pretende investigativo, e suas engrenagens, nem sempre bem azeitadas, na cobertura de acontecimentos complexos e polêmicos. […] traz um vasto panorama dos episódios da trama, contados pela imprensa, o qual, acreditamos, vai fornecer as pistas necessárias para que o leitor tire suas conclusões.
E, mais que isso, tenha elementos para compreender como um fenômeno social torna-se um enigma, um ponto misterioso na imaginação das pessoas a partir da construção de sua história pela mídia. Uma História do presente, do imediato, portanto, instável e inconclusa. Tão aberta que permite as mais variadas interpretações.”
[Trecho da Apresentação]A Viagem Interrompida
Com base na imprensa, pesquisa mostra como as elites golpearam o avanço comunista em Santo André.
O PCdoB de Santo André em parceria com a Fundação Mauricio Grabois e a editora Anita Garibaldi trazem para a militância da cidade do ABC paulista o lançamento do livro “A Viagem Interrompida – A aventura comunista na Santo André da década de 1940”. O livro escrito por Eduardo Luiz Correia conta a surpreendente história da eleição do primeiro prefeito operário e comunista no Brasil: Armando Mazzo, e mais uma grande bancada de parlamentares comunistas no coração do Grande ABC. O livro também conta como foi a articulação de direita para a cassação do registro das candidaturas e o impedimento de assumirem seus cargos legislativos e executivo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário