sábado, 24 de outubro de 2020

PELÉ/80 - Esqueçam Messi, Cristiano Ronaldo, Ronaldinho, Neymar e Ronaldo Fenômeno!


Nunca gostei do “rei” Pelé como pessoa. Sempre se curvou ou bajulou os poderosos, o tempo todo se omitiu sobre o racismo brasileiro, aderindo ao discurso mainstream de que o problema no Brasil era “social”. Não bastasse tudo isso ainda bajulou figuras repugnantes da ditadura brasileira e beijou a mão de tiranos de vários países.

Mas atletas são pessoas de carne e osso. Muitas vezes queremos que eles sejam gênios da raça e nos ofereçam mais do que seus gols, suas cestas, seus socos. Atletas são frequentemente autocentrados, arrogantes, individualistas e muitas vezes, egoístas, no sentido literal da palavra, ou seja, voltados para o próprio ego.

Maradona é admirado por muitos progressistas, mas bajulou o presidente Menem e a direita peronista da Argentina e nunca se posicionou quando jovem contra a ditadura em seu país. Não obstante, foi um gênio com a bola nos pés. Inferior a Pelé – como todos os outros! - mais ainda assim um gênio.

Poderíamos citar ainda os também geniais Franz Beckenbauer e Michel Platini, ases dentro das quatro linhas, mas chegados a negócios escusos fora delas quando foram dirigentes esportivos.

Enfim, Pelé não foi perfeito, talvez nem tenha sido uma boa pessoa. Não sei. Nunca o conheci. Mas o assisti dentro das quatro linhas. Desculpem, crianças. Esqueçam Messi, Cristiano Ronaldo, Ronaldinho, Neymar e Ronaldo Fenômeno. Todos esses são ou foram craques inegáveis. Pelé não. Pelé foi um gênio.

Como todos as grandes figuras do esporte, Pelé conseguiu aliar uma capacidade física extraordinária a uma técnica quase sobrenatural. Possuía velocidade, arranque, impulsão e um controle quase sobre-humano da bola. Era capaz de arremates violentos tanto de direita quanto de esquerda, embora fosse destro, era um exímio cabeceador, grande cobrador de faltas e pênaltis e escondia a bola com seus dribles desconcertantes. Que eram sempre em direção ao gol, objetivos, sem firulas, enfeites ou tentativas de menosprezar o adversário.

Em comum com Maradona possuía a gana necessária para assumir a responsabilidade e decidir uma partida Ou tentar decidi-la. Como todos os gênios, possuía uma grande autoconfiança. Durante a partida, seu time ganhando ou perdendo, pedia a bola aos companheiros – às vezes exigia – sempre agitando os braços e apontando para si mesmo. Quando a situação o exigia empurrava, socava e usava os cotovelos contra os marcadores desleais. E algumas vezes partia para o revide e para intimidação. Como a maioria dos grandes craques, não gostava de perder e era capaz de encontrar uma solução genial num milésimo de segundo ou num ínfimo espaço do gramado.

Seus lances geniais na Copa do Mundo de 1970, como o chute contra a Checoslováquia antes do meio de campo, sua finta de corpo (sem tocar na bola) sobre o grande arqueiro uruguaio Ladislau Mazurkiewski, sua cabeçada perfeita, para o chão, que exigiu do fantástico Gordon Banks aquela que é considerada a maior defesa de todos os tempos de um goleiro. E estamos falando de gols que não aconteceram. Por azar ou habilidade extraordinário dos goleiros, esses desmancha-prazeres!

Essa ninguém me contou. Vi ao vivo no Morumbi. Atrás do gol onde ocorreu o lance, infelizmente, eu acho, perdido para sempre em imagens de vídeo. Mas quem viu não esquece. O camisa 10 do Santos deu uma bicicleta perfeita. Literalmente parou no ar, ou o tempo pareceu congelar por um segundo, como pareciam fazer Michael Jordan quando partia para a cesta ou Mohamed Ali quando desferia um dos seus socos à velocidade da luz.

Foi um dos lances mais perfeitos que vi na minha vida em qualquer esporte. Pelé acertou uma bicicleta perfeita e Ado, grande goleiro corintiano, injustamente esquecido, voou no ângulo e caiu no gramado com abola entre os braços. As torcidas dos dois times aplaudiram de pé. Ao final, como era comum naqueles dias, Pelé liquidou o Corinthians e o Santos ganhou de 3 x 0, com dois gols do Rei. Mas isso já era meio que esperado. No final da partida todos só lembravam da bicicleta e da defesa. Momentos que tornam o futebol, não uma oitava arte, mas a primeira.

Pelé 80 anos - Um Rei em carne e osso

O Programa rememora a carreira de Pelé mostrando seus gols e comentando passagens de sua vida e o contexto dos acontecimentos. Por outro lado, debate seus posicionamento politico controverso e suas omissões em momentos duros para o povo brasileiro.
Na abertura uma poesia aborda a questão do Negro não só pela negritude de Pelé, mas pela data 13 de Maio, oficializada como dia da libertação dos escravos.


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