segunda-feira, 26 de outubro de 2020

PELÉ/80 - PARA ELES; ELE SEMPRE FOI O NEGRINHO METIDO, EMBORA NÃO QUISESSE SÊ-LO!

 


DINHEIRO E FAMA NÃO COMPRAM A COR

MAS, O TALENTO RESITE!

Não creio que algum dos milhões de fãs do ex-Beatle John Lennon jogue fora seus álbuns ao descobrir que John, com seu primeiro filho Julian, foi um pai ausente e abusivo ou foi o tempo todo agressivo e igualmente abusivo com sua primeira esposa, Cynthia. Lennon afirmou numa entrevista que seu  filho com Cynthia era fruto de uma bebedeira. E arrematou de maneira grosseira:

“Não vou mentir para Julian. Noventa por cento das pessoas neste planeta, especialmente no Ocidente, nasceram de uma garrafa de uísque em uma noite de sábado e não havia intenção de ter filhos”.  Pai exemplar...

Tudo bem, parece que John foi um pai e um marido melhor para Yoko e para Sean, o filho que teve com artista japonesa. Mas Julian várias vezes lembrou-se de maneira amarga da sua infância com aquele pai ausente e abusivo, que disse para o próprio que: "odiava sua maneira de sorrir!"

Seria ainda fácil dizer que Rousseau, pai das ideias democráticas modernas, teve vários filhos, todos abandonados à adoção pública, que Karl Marx teve um filho bastardo com a governanta – que Engels assumiu a paternidade - ou que Ernest Hemingway, o escritor norte-americano, era misógino, abusava das suas parceiras e as queria obedientes e submissas. O grande poeta Ezra Pound trabalhou na Itália para o fascismo. A lista é longa. De artistas e pensadores geniais que na vida particular tiveram atitudes abjetas.

Por que Pelé deveria ser julgado pela posteridade pela sua moral, inegavelmente discutível, e não pelo seu futebol? Pelé foi pior do que a média dos esportistas, em sua maioria, alienados, egocêntricos e individualistas?

Aliás, a hipocrisia no Brasil impera. Os mesmos jornalistas – notadamente em São Paulo - que adoravam elogiar a consciência e o orgulho étnico de Mohamed Ali espinafravam um negro brasileiro com personalidade como Paulo César Caju. Ou seja, negro consciente é bom longe de mim!

Li muita adoração boba em torno do “rei”, mas também muita espinafração, comparações desfavoráveis com uma possível – e falsa – consciência social de Maradona.

Vamos deixar claro: alguns brasileiros só espinafram Pelé por que ele é brasileiro. E negro! Vocês duvidam?

Lembro das gentes – sou um homem idoso, lembram? - fazendo piadas grosseiras e preconceituosas sobre Pelé em razão dos seus relacionamentos com mulheres brancas. Vocês sabem, um branco quanto “ganha” uma “mulata” é o cara! Um negro que seduz uma mulher branca é um grande sacripanta. E a mulher, obviamente é uma meretriz de olho em seu saldo bancário! Uma vagabunda que não sabe que mulher branca não pode gostar de preto! 

Quando Pelé se separou da primeira esposa, a imprensa fofoqueira anunciou aos quatro cantos que a razão era sua suposta filha loira. Sim, a menina tem cabelos claros e... pele escura como a do pai! Infâmia pura.

No fundo o discurso era, apesar de Pelé se esforçar sempre para ser o “negro de alma branca”, que aquele preto não sabia o seu lugar. Onde já se viu um negro, e brasileiro, jogar tanta bola? Era necessário arrumar um gringo, de preferência branco para dizer que era mais jogador e um homem melhor. Só que não!

Inventem o que quiserem. Melhor, digam a verdade que quiserem. Pelé, como jogador de futebol foi o melhor de todos. Ao lado de Michael Jordan, Usain Bolt e Mohamed Ali, foi o maior atleta que vi em ação.


Gostaria muito que Pelé tivesse a grandeza de um John Carlos e de um Tommy Smith, que levantaram punhos negros durante a premiação dos jogos olímpicos em 1968. Adoraria que Pelé tivesse a coragem de Mohamed Ali que se recusou a lutar no Vietnam (“Nenhum vietcongue me chamou de ‘nigger’!”) ou a consciência de um Sócrates, o craque do Corinthians, um dos pais da “Democracia Corintiana”. Ou de Carlos Caszely, jogador chileno que desafiou a ditadura de Augusto Pinochet. Todos esses atletas foram corajosos e enfrentaram a hostilidade das autoridades, da mídia e do público.

O mesmo público que não consegue separar o futebol extraordinário de Pelé de sua vida bastante ordinária! E por vezes mesquinha.

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