terça-feira, 6 de outubro de 2020

O apoio da mídia às imposições fascistas e a cara-de-pau do: "Não tive nada a ver com isso!"




 A MÍDIA QUE EMPODEROU O TIOZÃO DO CHURRASCO E O MACHO DE PADARIA.

É muito bonito e edificante a mídia corporativa criticar atualmente a indústria do fake-news quando esse mesma indústria, que a mídia mainstream ajudou a nutrir, agora se se volta contra ela. Os bolsominions todos os dias tentam desmoralizar a Globo, a “Folha de São Paulo”, o jornal “O Globo” e outras corporações, chamadas pelos psicopatas da direita de petralhas, comunistas e outros gracejos. 

Essa mesma mídia, é bom lembrar, ajudou a difundir pelos corações e mentes dos eleitores todas as patuscadas perpetradas pela gangue da Operação Lava Jato. Desde que atingissem o PT e ajudassem a demonizar a esquerda ou qualquer projeto mínimo de mudança social no país tudo estava bem! Foi um serviço bem feito. Mas, por outro lado, foi a situação clássica da criatura que se volta contra o criador. 

Vejamos: desde antes de 2014, mas principalmente nas eleições de 2014, uma parte da elite do mercado financeiro, dos barões da mídia e do agronegócio julgou que era hora de dar um basta nos “excessos estatizantes” do PT. E supostamente na “escandalosa” escalada de corrupção, que alegavam, nunca antes havia atingido tais proporções no Brasil. Eram e são ainda os moralistas seletivos. Pois fecharam os olhos – até ovacionaram - os desmandos privatistas da era FHC e as ladroagens do tucanato paulista, gaúcho, mineiro, paranaense... A lista é grande. 

A partir de 2014, portanto, liberou-se o vale-tudo. O golpe baixo. O flerte com discursos a favor da ditadura, a aliança com igrejas evangélicas fascistas – flerte esse infelizmente já ensaiado desde os governos de Sarney, Itamar, FHC e Lula – o machismo, o racismo, o discurso contra pobres e nordestinos. Enfim, os fins justificavam os meios. 

Gladiadores do Altar

Da noite para o dia ganharam prestígio – e certamente fortuna – as celebridades jornalísticas que pousavam de “histéricos indignados”. Revistas, como aquela famosa da “Famiglia” Civita, recorriam ao mais baixo sensacionalismo e a uma linguagem de blogue de quinta categoria. Que posteriormente foi adotada... Pelos blogues de quinta categoria! E suas páginas mostravam a necessidade de, não apenas varrer a ameaça vermelha do presente, mas apaga-la no passado e cancelá-la no futuro. Dizia uma dessas celebridades instantâneas, essa da “Folha de São Paulo”, “A próxima Dilma pode estar sentada ao lado do seu filho na escola”. Que medo! 

Che Guevara era um assassino psicopata comparado a Hitler, Zumbi dos Palmares era um escravocrata igual aos senhores portugueses, o país estava ficando mais burro com Lula, D. Pedro I foi o verdadeiro estadista com altos princípios republicanos (numa monarquia?), os professores não passavam de doutrinadores baratos, Dilma Rousseff produziu a maior crise econômica da história brasileira... 

Faltou alguma coisa?

Ah, sim, escândalos pululavam nas primeira páginas para serem esquecidos na semana seguinte. Quem se importava com a conclusão das investigações ou com a verdade? O importante era imolar em praça pública essa corja petralha que havia destruído o pais! Era necessário varrer essa gente e seus aliados: os esquerdopatas, as feminazis, os eco-chatos, os perpetradores do racismo reverso, os defensores da ditadura gay, a esquerda caviar, ou no dizer de um desses autores da filosofia “politicamente incorreta”, “os inteligentinhos”. 

Sim, era necessário varrer os inteligentinhos e reabilitar o macho da padaria, o tiozão do churrasco, a perua barraqueira e o coçador de saco do botequim da esquina. Os verdadeiros portadores da “alma brasileira”! Era necessário colocar no comando de novo o macho branco hetero e a sua mulher branca “recatada e do lar” (estou citando ainda a revista da “Famiglia”). 


Ou seja, a grande mídia preparou o terreno para o triunfo das baixarias dos blogues fascistóides e da indústria do Whatsapp. Quando alguns tentaram voltar atrás não era mais possível. Criou-se e foi cevada pela imprensa corporativa uma turba malta que queria exatamente o fake-news, era ávida por ele. Queria alguém que dissesse e escrevesse o que queriam ler e ouvir. A mídia havia afundado tanto no esgoto que seus leitores nem se lembravam mais como era a superfície. E nem queriam mais saber dela! 


E aí apareceram os blogues e as correntes de Whatsapp para continuar alimentando a massa ignara da classe média “de bem” – “os humanos direitos” – com os mais podres acepipes pelos quais haviam tomado gosto. 

Sim, o PT e os governos petistas cometeram vários erros. Ao abraçar práticas pouco republicanas, que sempre fizeram parte da política nacional, deixaram o flanco aberto ao inimigo. Acharam que poderiam jogar o jogo com as mesmas regras que os verdadeiros donos do poder. Ficou claro que isso não era possível. Falhou ao mesmo tempo em não conseguir ou não se empenhar em reformar o Estado e, juntamente com outros setores da esquerda, não se empenhou ou não foi capaz de organizar o povo. 

Hoje, os que exigem uma autocrítica do PT querem que o partido peça desculpas pelo seu ínfimo esquerdismo e não pelas concessões feitas aos poderosos de sempre. Enquanto isso a grande mídia finge que não tem nada a ver com o que foi feito e o que continua sendo feito no país desde o golpe de 2016. Agem como o sujeito que acende uma fogueira numa floresta seca e sai assobiando como se não tivesse nada a ver com o incêndio que devastou tudo. E a quase todos.


Prof. Ivan Paganotti os impactos da desinformação no jornalismo e nas redes sociais
O Doutor em Ciências da Comunicação, Professor e Jornalista Ivan Paganotti fala sobre os impactos da desinformação no jornalismo e nas redes sociais.
Apresenta o Vaza Falsiane, um curso online ultrapop para entender – e combater – Fake news e desinformação e discorre sobre o Entendendo Bolsonaro - Um blog que se propõe em fazer uma discussão serena e baseada em evidências sobre a ascensão da extrema direita no mundo, atraves de artigos produzidos por pesquisadores e estudiosos que analisam a nova direita e suas consequências em diversos campos: da sociologia à psicanálise, da política à comunicação.
Vaza falsiane: vazafalsiane.com/

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