quinta-feira, 22 de dezembro de 2022

Volodymyr Zelensky e a etnopolítica

O Presidente Zelensky acaba de ser designado pela revista Time « homem político do ano 2022 ». 

Isto é não ter percebido o seu golpe de força de Julho, em favor da guerra. Ele mandou proibir todos os Partidos políticos que se lhe opunham; assassinar as personalidades que lhe resistiam ; controlar todos os média, escritos, audiovisuais e internet ; proibir a língua russa ; destruir 100 milhões de livros ; confiscar muitos bens de oligarcas, incluindo os daquele que pessoalmente o financiou ; nacionalizar os bens de investidores e sociedades russas ; proibir a língua russa ; destruir 100 milhões de livros ; confiscar muitos bens de oligarcas, incluindo os daquele que pessoalmente o financiou ; nacionalizar os bens de investidores e sociedades russas ; e enfim proibir a Igreja ortodoxa.
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, foi designado pela Time Magazine como « Personalidade do ano de 2022 »; uma escolha evidente, segundo a redacção do semanário. Com efeito, ele encarnaria uma coragem contagiante que permitiu ao seu povo resistir à invasão russa.
No entanto, no seu país, o Poder passou progressivamente, desde 25 de Julho, das suas mãos para as do seu Vice-Presidente do Conselho de Segurança e Defesa Nacional, Oleksiy Danilov. Tendo-se concentrado Zelensky na sua função de porta-voz do regime, deixou Danilov preparar os decretos que assina. Em conjunto, os dois homens instauraram um regime de terror. 

Nos dias 17 e 25 de Julho, três membros do Conselho foram destituídos por inúmeros casos de “traição” denunciados por funcionários sob suas ordens : - o diplomata Ruslan Demchenko, o amigo de - infância de Zelensky e Chefe do Serviço de Segurança, a SBU, Ivan Bakanov, e a antiga conselheira jurídica de Zelensky e Procuradora-Geral da Ucrânia, Irina Venediktova.
Falando desses dias cruciais, Rinat Akhmetov, o homem mais rico da Ucrânia antes da guerra, declarou que Zelensky se tinha apoderado do Poder, de todos os poderes, sob disfarce da reforma.

Em 26 de Agosto no canal NTA, Oleksiy Danilov revelou que o Conselho de Segurança e de Defesa tinha adoptado um plano de defesa para o país em Novembro de 2021, ou seja, quatro meses antes da intervenção militar russa. Este documento fora preparado após Zelensky ter rejeitado o plano de um Minsk-3 proposto por Paris, em 8 e 9 de Dezembro de 2019. « É um vasto documento, fundamental, que enuncia as actividades de todos os corpos sem excepção: quem e como deverá agir numa situação de lei marcial », precisou ele, em 7 de Setembro, à Left Bank.


ASSASSINAR OS OPOSITORES POLÍTICOS

Os assassinatos políticos são em geral perpetrados por « nacionalistas integralistas » e não por órgãos governamentais. Em qualquer altura, eles podem raptar e fazer desaparecer, até executar directamente na rua, à vista de todos, os opositores políticos. Primeiro, as vítimas são jornalistas e eleitos. Não se trata de um comportamento novo, uma vez que estes assassinatos se sucederam durante a guerra civil, desde 2014.

Recorda-se o deputado Oleg Kalashnikov, assassinado com onze tiros na cabeça à porta de casa em 2015. A polícia nunca apurou, nem quem executou o assassinato, nem quem o ordenou.

Porém, em alguns casos, são obra da SBU (Serviço de Segurança). Assim, a execução do negociador oficial, Denis Kireev, no regresso a Kiev, depois de ter participado nos contactos sem continuação com a Rússia. Ele foi morto na rua, em 6 de Março de 2022, porque durante as negociações ousou mencionar os laços históricos entre Kiev e Moscovo (Moscou-br).

Os líderes políticos não assumem publicamente estes actos, mas incentivam-nos. Eles afirmam que o país deve ser « limpo ». Não se trata de matar os agentes da Federação da Rússia, mas todo o cultor da cultura russa ou qualquer um que admita o valor dessa cultura.

O Presidente da câmara (Prefeito-br) de Kiev, o campeão de boxe Vitali Klitschko, encarregou o grupo neo-nazi C-14 de procurar e de matar os « sabotadores » entre os Ucranianos de origem eslava.

Foram abertos processos crime contra antigos altos responsáveis do Estado, tal como o deputado Yevhen Murayev, o ex-ministro de Assuntos Internos Arsen Avakov, o antigo Primeiro-Ministro Arseny Yatsenyuk, ex-secretário do Conselho de Segurança e Defesa Nacional Oleksandr Turchynov ou contra o antigo Presidente Petro Poroshenko .

O SBU prende agora numerosos civis que acusa de terem colaborado com os Russos.


PROIBIR A LÍNGUA RUSSA

Enquanto segundo os Acordos de Minsk II (art. 11, nota explicativa [1]) de 12 de Fevereiro de 2015, as regiões do Donbass poderiam determinar elas próprias a sua língua oficial, Oleksiy Danilov declarou, em 1 de Setembro de 2022: « São eles [os habitantes do Donbass] que devem encontrar uma linguagem comum connosco, não nós com eles. Temos fronteiras e, se alguém não estiver satisfeito com as leis e regras que se aplicam no território do nosso país que vá, não retemos ninguém ».

Em 21 de Outubro, foi mais explícito : « A língua russa deverá desaparecer por completo do nosso território enquanto elemento de propaganda hostil e lavagem cerebral para a nossa população ».


CONTROLAR OS MÉDIA

Oleksiy Danilov, declarou em 20 de Julho, em plena crise no Conselho de Segurança e da Defesa, que muitas pessoas que se costumava ver na televisão antes da « agressão russa », não voltariam a lá aparecer. « Não se sabe para onde foram. A SBU fará declarações importantes a seu respeito ». Ele acusou-os de dar conta do ponto de vista russo : « implantar essas narrativas russas aqui é uma coisa muito, muito perigosa. À primeira vista, deveríamos perceber aquilo que são. Vejam : não precisamos deles. Deixai-os sair, deixai-os ir para os seus pântanos e coaxar na sua língua russa ».

O Conselho de Segurança e da Defesa havia já colocado todos os média (mídia-br) escritos e audiovisuais sob a sua vigilância. Por outro lado também havia proibido uma centena de canais do Telegram, que havia qualificado de « pró-russos ».

DESTRUIR 100 MILHÕES DE LIVROS RUSSOS

O Instituto do Livro da Ucrânia, que supervisiona todas as bibliotecas públicas, foi encarregado em 19 de Maio, quer dizer, antes da crise do Conselho de Segurança e Defesa, de destruir 100 milhões de obras [2].

Tratava-se de destruir todos os livros de autores russos ou impressos em língua russa ou, ainda, impressos na Rússia. Na prática, uma comissão foi designada dentro da Verkhovna Rada para garantir a aplicação desta depuração intelectual. Descobriu-se que a grande maioria dos livros da biblioteca eram obras práticas sobre culinária, costura, etc. Eles esperaram um pouco antes de passar à razia, sendo a prioridade dada a autores “maléficos” como Alexander Pushkin e Leo Tolstoi.

INTERDITAR PARTIDOS POLÍTICOS

Os 12 Partidos políticos da oposição foram interditos, um a um. À data, o último foi sancionado em 22 de Outubro [3]. Os seus eleitos foram demitidos das suas funções.
Apenas o “oblast” da Transcarpátia (junto à Hungria) recusou demitir os eleitos locais com origem nos Partidos políticos proibidos.
CONFISCAR OS BENS DOS OPOSITORES E DE RUSSOS

Desde o fim de Fevereiro, a Agência Ucraniana de Pesquisa e Gestão de Activos (ARMA), órgão da luta anticorrupção desejado pela União Europeia, apreendeu bens no valor de mais de 1, 5 mil milhões (bilhões-br) de hryvnias, ou seja, 41 milhões de dólares.

Os oligarcas proprietários de médias foram todos forçados, um por um, a ceder os que detinham. Tratou-se de um plano geral supondo libertar o país da sua influência. No entanto, eles conservam o direito de possuir outro tipo de empresas.

Segundo a lei ucraniana de 2021, os oligarcas são os 86 cidadãos que possuem pelo menos 80 milhões de dólares, que participam na vida política e que exercem uma grande influência sobre os média. Segundo Oleksiy Danilov, não deverá haver mais oligarcas no fim da guerra.

O Conselho de Segurança e Defesa decidiu, em 7 de Novembro, nacionalizar as fábricas (usinas-br) pertencentes aos oligarcas, incluindo a Igor Kolomoisky, o financiador de Volodymyr Zelensky. Elas foram colocadas sob a administração do Ministério da Defesa e deveriam ser « restituídas ao povo ucraniano » no fim da lei marcial.

Esta decisão aplica-se, entre outros, ao construtor ucraniano de motores de avião, Motor Sich, que estava em conflito com investidores chineses no Tribunal de Arbitragem de Haia (caso Beijing Skyrizon). A China, que reclama US$ 4,5 mil milhões de dólares, qualificou a nacionalização de «roubo». Segundo Pequim: « Desde 2020, o governo ucraniano criou continuamente problemas, culpou, reprimiu e perseguiu os investidores chineses sem fundamento, e impôs mesmo sanções económicas especiais sem motivo com a intenção de nacionalizar o Motor Sich PJSC por meios ilegais, e assim pilhar descaradamente os activos chineses no estrangeiro ».
Em 20 de 0utubro, o Conselho de Segurança e Defesa apreendeu os bens de 4. 000 empresas e indivíduos russos no país.
Esta decisão também se aplica a personalidades ucranianas que se tinham estabelecido na Rússia antes da guerra, como as cantoras Taisiya Povaliy, Ani Lorak, Anna Sedokova e a apresentadora de televisão Regina Todorenko.

PROIBIR A IGREJA ORTODOXA

O Conselho Nacional de Segurança e Defesa da Ucrânia decidiu, em 1 de Dezembro de 2022, « proibir às organizações religiosas afiliadas a centros de influência da Federação Russa operar na Ucrânia », anunciou o Presidente Zelensky ao assinar o Decreto 820/2022 [4].

O « Serviço de Estado para Etnopolítica e a Liberdade de Consciência » foi encarregado de apreender os edifícios da Igreja Ortodoxa ligada ao Patriarcado de Moscovo.

Há duas semanas, o Serviço de Segurança Ucraniano (SBU) invadiu violentamente um mosteiro, acusando os padres de terem ousado descrever a Rússia como a « Mãe pátria ».

O Presidente Zelensky finge que respeita as normas ocidentais dos Direitos do Homem. Com efeito, o Tribunal Europeu dos Direitos do Homem já não poderá mais registar queixas da Rússia uma vez que Moscovo abandonou o Conselho da Europa.
CORTAR TODAS AS RELAÇÕES COM A RÚSSIA

Em 4 de Outubro, o Presidente Zelensky assinou um decreto proibindo quaisquer novas negociações com a Rússia.

Em 1 de Dezembro, Oleksiy Danilov apelou para « a destruição da Rússia ». Ele precisou a sua declaração assim : « Para que deixem de existir como país dentro das fronteiras nas quais vivem agora é preciso justamente destruí-los… Não passam de bárbaros. E quando vocês dizem que temos que nos sentar à mesma mesa com esses bárbaros e falar com eles, eu considero que isso é indigno para o nosso povo ».

Tradução

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