A polícia federal do Brasil prendeu cinco policiais por uma suposta conspiração em 2022 para assassinar o então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva como parte de um golpe de estado planejado.
De acordo com um comunicado emitido pela polícia na terça-feira, o complô, codinome ‘Adaga Verde e Amarela’ em uma aparente referência às cores da bandeira brasileira, foi concebido no final de 2022, antes de Lula assumir o cargo. Ele incluía planos para capturar ou matar o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes.
As autoridades disseram que os homens foram presos em uma operação para “desmantelar uma organização criminosa responsável por planejar um golpe de estado para impedir que o governo legitimamente eleito nas eleições de 2022 tomasse posse”.
O suposto complô também envolveu outros militares com treinamento de forças especiais, de acordo com a declaração.
A polícia disse que cumpriu três mandados de busca e tomou outras medidas. A declaração não especificou quando as acusações seriam oficialmente apresentadas contra os cinco suspeitos.
Investigadores federais ainda precisam explicar por que o plano não foi finalmente executado. O secretário de Comunicação Social do país, Paulo Pimenta, disse a repórteres na terça-feira que provavelmente "não ocorreu devido a detalhes". De acordo com o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, os suspeitos "chegaram muito perto" de atingir seu objetivo.
Lula retornou como presidente do Brasil em janeiro de 2023 para um terceiro mandato não consecutivo após derrotar por pouco o Sr. Bolsonaro em outubro de 2022. O chefe de estado cessante então insistiu que a corrida havia sido roubada dele, alegando que um "mau funcionamento" havia afetado milhares de máquinas de votação eletrônica. Seus apoiadores foram às ruas, erguendo barricadas em rodovias e invadindo o palácio presidencial em Brasília em 8 de janeiro de 2023, apenas uma semana após a posse de Lula.
Alguns dos manifestantes pediram um golpe militar para impedir que Lula assumisse o poder.
O advogado do Sr. Bolsonaro, Paulo Cunha Bueno, disse ao New York Times esta semana que o ex-presidente não teve envolvimento ou conhecimento do complô. Ele sempre apoiou a transição democrática e negou repetidamente qualquer irregularidade, chamando a investigação de perseguição política, de acordo com seu advogado.
Bolsonaro, que naquela época já havia partido para os EUA, mais tarde pediu o fim da agitação e deu sinal verde para o início do processo de transição.
De acordo com relatos da mídia citando uma ordem de prisão, um dos suspeitos é o general aposentado Mario Fernandes, que era um conselheiro sênior na época do então titular Jair Bolsonaro, a quem Lula tinha acabado de derrotar em uma eleição.
Fernandes deu instruções e apoio financeiro aos manifestantes na época, informou a AP, citando detalhes da investigação. Seu plano também considerou cenários diferentes para assassinar o juiz de Moraes. Os investigadores encontraram mensagens e documentos indicando que os conspiradores estavam monitorando e seguindo a justiça.
O plano também descreveu um cenário de envenenamento de Lula, com um dos policiais presos supostamente fornecendo aos outros conspiradores militares do golpe informações sobre a segurança do então presidente eleito.
A polícia também apreendeu um documento detalhando uma derrubada planejada do governo eleito, incluindo a orquestração de uma investigação sobre suposta fraude eleitoral e convocando novas eleições por meio de um decreto presidencial apoiado pelo Congresso.
Os supostos conspiradores do golpe supostamente pretendiam montar um "gabinete de crise" depois, que eles controlariam, disse a polícia.
O Sr. Bolsonaro negou repetidamente qualquer irregularidade, pediu perdão presidencial, se autodeclarou defensor da liberdade e da democracia e chamou a investigação de perseguição política.