ODE À RAINHA MARTA DO QILOMBO DO IGUAÇU E AOS QUE LUTARAM E LUTAM
MARTA DO IGUAÇU
Prof. Benedito Carlos do Santos
Nada tenho contra a rainha Marta, boleira de fina estirpe, não mais do que tenho contra reis e rainhas , geralmente brancos, cujos pescoços alvos deveriam adornar guilhotinas e troncos;
Mas não a rainha Marta do Iguaçu, mulher negra porreta que liderou mulheres e homens e pretos e mulatos e sobretudo Livres.
Livres para morrer de banzo e não de chicote presos ao eito, ou amarrados às lavras nas Gerais, no engenho ou na senzala.
Por que você não ouviu falar dessa rainha preta? Por que os reis deles, não os nossos, são brancos, por que os reinos deles não são desse mundo ou perto daqui.
Mas o dia chegará em que haverá mais de uma História, e das páginas do novo livro se erguerão reis e plebeus negros como eu e você, como meu avô banto e sua bisavó tapuia, como aquele seu tio avô italiano que veio no porão do navio, que cantou a Internacional e o Bella Tchau e se soubesse cantaria e tocaria um jongo pra rainha Marta do Iguaçu.
Avanti popoolo, Saravá e axé, camaradas!
RAINHA MARTA
A Rainha Marta foi identificada como uma das líderes
dos quilombos de Iguaçu, localizados no Recôncavo
da Guanabara. Às margens de rios e riachos, principalmente
Iguaçu e Sarapuí, se instalaram quilombos desde o
começo do século xix, que permaneceram ativos até as
vésperas da abolição em 1888. Em meados de julho, os
jornais noticiavam o resultado dos ataques feitos contra
vários desses quilombos, quando teriam sido capturados
mais de vinte habitantes, entre os quais Marta, “intitulada
rainha do quilombo”. Além de cuidar das roças de mandioca,
ela atuava como intermediária nas trocas mercantis entre
os quilombolas e os taberneiros locais. A Rainha Marta
dos quilombos do Recôncavo da Guanabara deve ter
agregado poder, liderança e prestígio a ponto de ser
considerada a rainha do mocambo.
RECOMENDAÇÃO DO SBP
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