segunda-feira, 25 de outubro de 2021

MARIELLE VIVE E O PSOL DE SÃO PAULO ABANDONA A RETÓRICA DO: E O PT, HEIN?

 

PSOL ELEGE DEBORA LIMA PARA A PRESIDENCIA DO PARTIDO NA CIDADE DE SÃO PAULO

Foi um encontro virtual e, por sua natureza, deficiente em vários aspectos sendo o primeiro e mais importante deles; a falta do calor humano. Houve sim essa desumanização, que é elemento essencial na política, por conta da impossibilidade de replicar através da tecnologia; o quente dos olhos nos olhos, dos corações unidos pela paixão revolucionária, das mentes pensando juntas, do afeto que emana de almas que se querem pelo bem de todos. Mas, isso é coisa destes tempos cruéis de pandemia.

Aliás, as falas iniciais abordaram sob vários ângulos esse momento crucial, demarcando pontos de suas causas e efeitos e a necessidade de o Psol continuar na linha de frente do combate ao Bolsonarismo, que tem como seu representante na cidade de São Paulo, o prefeito Ricardo Nunes.

E foi exatamente com esse sentido que, por aclamação, os delegados aprovaram a resolução de conjuntura, entendo que vivemos numa São Paulo cada vez mais deteriorada econômica e socialmente e, assim como o país, só apresenta perspectivas de agravamento desse quadro por ser um projeto da elite. Um projeto de assaque à riqueza do povo, cujos atores, táticas e estratégias se expressam exemplarmente nos embates que ocorrem nos parlamentos atuais, onde a esquerda digladia diuturnamente contra o notório esforço empreendido pelos governistas para continuar o desmonte do estado.

Destacou-se nesse caso, o caminhar a passos largos das reformas que atacam o serviço público na câmara municipal e na assembleia estadual, como parte de um pacote de medidas que integram a agenda de retirada de direitos das minorias e da população em geral, com cunho neoliberal e de evidente fundamentalismo religioso.

Por isso, os delegados se uniram em torno da necessidade de o Psol se robustecer nas zonas periféricas da cidade, organizando e dando dinamismo aos diretórios zonais e núcleos de base, convencidos de que esse é um passo fundamental para o Partido agregar o povo nessas regiões e ganhar potência no enfrentamento do modelo racista, machista e higienista imposto pelos interesses do capital aos habitantes dessa São Paulo sem garoa e sem água nas torneiras. E com essa compreensão a maioria dos delegados resolveu que o Psol deve ser um partido mais militante. E que para tanto é necessário promover uma forte formação política junto aos filiados colaborando para o surgimento de novas lideranças no seio da sociedade e atuar como aliado fortalecendo as lutas empreendidas pelos movimentos sociais e apresentar programas de governo pautados pelo socialismo.

Nessa mesma perspectiva se posicionou o debate sobre as eleições ao governo de São Paulo, compreendendo que para derrotar o Tucanato é necessário empreender esforços por uma candidatura unificada da esquerda e disputar com um programa dos trabalhadores, sendo Guilherme Boulos, com o suporte da maioria do Partido no município, escolhido para atuar como representante do Psol nessa tarefa.

Essas foram resoluções aprovadas no encontro municipal do Psol de São Paulo. Uma serie de considerações e medidas que, com raras exceções, poderiam ser entendidas como óbvias para um partido de esquerda, se óbvia não fosse a truculência desumana com que o capital constitui a realidade do povo nessa cidade, e óbvias também não fossem as demandas que exigem ação de quem se propõe a luta por uma sociedade mais justa e solidária.

Por outro lado, seria possível classificar jocosamente como um conjunto de propostas fáceis de se inscrever em carta de boas intenções que nunca serão cumpridas. E é verdade que até mesmo Ciro Gomes ou Heloisa Helena ou Marina Silva ou outras figuras do mesmo naipe antipetista não teriam qualquer dificuldade de; entre uma e outra critica ao Partido dos Trabalhadores, assinar um documento de igual teor para posarem de revolucionários esquerdistas.

Contudo, longe do proselitismo político que está mais interessado em dialogar com o sentimento reacionário e conservador do anti-petismo, os delegados consideraram que; para construir um partido a serviço de transformar a realidade da cidade como verdadeira alternativa política para a classe trabalhadora de São Paulo, não se pode limitar a retórica ao papel tornando vazio o sentido das palavras e deram o passo mais importante para a concretude de suas decisões elegendo a companheira Debora Lima para a presidência do partido na esfera municipal.

Débora Lima é uma mulher. Uma jovem mãe feminista. Uma negra que, como tantas, é uma trabalhadora habitante na Zona Norte de São Paulo, na periferia dessa metrópole de centro tão pequeno. Militante, educadora popular em cursinho pré-vestibular para jovens da periferia, ela é Coordenadora estadual do MTST/SP e está a frente de uma Ocupação que se identifica com um promissor paradigma para o exercício de sua presidência: Marielle Vive.

E foi com esse espirito que se expressou o partido nesse encontro um tanto protocolar devido a pandemia. Mas, enfim, que assim seja: Que Marielle viva intensamente nesse Psol de todas as lutas.

Por Douglas N. Puodzius

RECOMENDAÇÃO DO SBP

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