A história é provavelmente fictícia. Uma das muitas lendas que foram criadas ao longo dos anos em torno do craque Mané Garrincha.
Dizem que às vésperas do jogo decisivo contra a URSS na Copa do Mundo de 1958 o treinador Vicente Feola expunha numa preleção aos jogadores uma elaborada e complicada estratégia para enfrentar o selecionado soviético.
Em dado momento, Mané, do alto de sua simplicidade – ou de sua malícia nem tão ingênua – teria perguntado ao “professor” se ele já havia combinado tudo aquilo com os russos.
A expressão “combinar com os russos” passou a representar no anedotário – futebolístico ou não – todo tipo de estratégia altamente complexa sem qualquer respaldo na realidade. Medidas unilaterais que são tomadas com a expectativa que tudo irá conspirar a nosso favor. E que frequentemente naufragam. Por que “os russos” - ou o DEM, ou o MDB – não estão nem aí para os nossos planos.
Vejam o que ocorreu na eleição para a presidência da Câmara dos Deputados: muito se falou de uma “frente contra Bolsonaro” e “em defesa da democracia”. Muita gente também se se empolgou. Afinal a frente uniria a direita, a centro-direita e a esquerda. Alguns já viam nessa frente um ensaio de uma grande frente – encabeçada, é claro, por um nome de “centro” – capaz de derrotar o Capitão em 2022.
A “Folha de São Paulo”, entusiasmada, atacava o PT por seu “radicalismo”, por relutar em participar dessa veneranda frente. Ciro Gomes idem. Até o PSOL estava dividido, com alguns deputados dessa sigla defendendo o candidato da suposta frente, o emedebista de São Paulo, Baleia Rossi.
Rodrigo Maia, articulador da candidatura de Rossi, presidente em exercício da Câmara, contabilizava os votos e era saudado como o grande articulador e grande estadista...
Só que não!
Como na anedota esportiva, faltou combinar com os russo. Ou melhor, com a direita. O DEM, capitaneado por ACM Neto, abandonou Maia, do seu próprio partido, e seu candidato Baleia Rossi. O MDB, essa praga fisiológica que assola o país, idem.
No final, todos compuseram com o Capitão e apoiaram seu candidato Arthur Lira. Ou seja, tiraram a escada, para citar outra anedota velha, e deixaram Maia, a mídia pós-golpista - aquela que “descobriu” agora que o Bozo fascista é tão feio quanto pintam! – e os esquerdistas moderados, que acreditam no sistema, segurando a brocha. Como a lei da gravidade não está sujeita a conchavos e compras de voto, todos caíram. Alguns de quatro em posições pouco lisonjeiras!
Alguns bípedes pertencentes à esquerda institucional esquecem constantemente qual é o seu papel na vida, no parlamento e na luta de classes. Algumas dessa aves de bela plumagem rugiram nas redes sociais – onde posam de feras feridas! - tentando desqualificar o PSOL, que apesar de algumas inexplicáveis hesitações, apoiou a candidatura de Luiza Erundina. Atitude deveras louvável, diga-se de passagem. Se é para ser derrotado, que pelo menos seja de pé e não de joelhos mendigando o apoio da direita ou vergonhosamente de quatro.
Só para constar: Arthur Lira amealhou 302 votos. Baleia Rossi, o candidato da tal “frente”, 145. Erundina teve 16. Não seria mais digno uma candidatura única do campo da esquerda, que perderia, é claro, mas mostraria à sociedade quem realmente luta contra o fascismo, a corrupção e o fisiologismo?
Em tempo: estou até agora esperando uma boa explicação do PT para o apoio na eleição do Senado de Rodrigo Pacheco, o mesmo candidato do Capitão. Quanto aos demais partidos que o apoiaram não espero nada. Suas ações lamentáveis já dizem muito!
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